quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O que sabemos de Deus?

Observações sempre trazem questionamento e acontece muito comigo.
Estávamos conversando sobre as dificuldades da vida e então me respondeu;
- Eu tenho fé em Deus que isto vai passar. Ele vai me ajudar a entender e vai me guiar, pois eu o adoro e sirvo.
Pensei na correlação  entre as duas afirmativas ou seja a servidão e adoração e a ajuda de Deus.
Procurei tentar emaranhar estas afirmações e criar um contexto de entendimento. E aí surgem perguntas:
Porque o homem precisa adorar e servir a Deus para que ele venha em seu socorro?
Porque Deus precisa de adoração e servidão para atendê-lo?
Acredito que a segunda pergunta  parece de mais fácil de abordagem, podendo haver discordância.
Tentar definir Deus é algo que nossa mente humana é incapaz de realizar. Noções de Infinito e Eterno fogem a nossa capacidade de realização mental. Deus é o que é. Basta.
Mas podemos fazer algumas correlações muito grosseiras e uma delas é: Pense em um homem e uma colônia de amebas. Este homem está procurando fazer com que as amebas comecem a reconhecer alguns sinais simples de escuro e claro. Um homem bom, um estudioso. Sabe que passarão muitas décadas de trabalhos e estudo para que esta colônia de amebas consiga assimilar este condicionamento e passar a próxima geração. Porque ele faz não sei e não importa. A sua preocupação é que a colônia evolua. Fecha a porta e tem outros afazeres.
Muda o pano.
O que somos nós perante o Deus Criador. Com certeza esta amplitude de compreensão do Todo é maior do que a diferença de compreensão entre a ameba e o estudioso. Assim como o estudioso não espera adoração nem servidão das amebas, pela total inutilidade destas ações , assim acredito que o Deus Criador não quer a adoração nem servidão pela total inutilidade destas ações. Talvez ele queira o entendimento das suas criaturas do que ele é.
Muda a pergunta: Porque o homem precisa adorar e servir a Deus?
Ouso a dizer que estes atos surgem do medo atávico do homem da compreensão do ato da morte, ou seja a sua finitude física e mental.
A partir desta compreensão a relação do agora-homem com o seu universo muda substancialmente. Ele precisa ser protegido dos fenômenos físicos e biológicos que o leva a perecer.
A quem este homem primitivo pode recorrer contra estes fenômenos inexplicáveis que parecem cair do céu ou vir das profundezas da terra. A visão concreta deste homem exigia um criador destes fenômenos.  E aí surgiram os deuses. Deuses que pudessem interagir com os homens, os protegessem e pudessem ser contidos.
Como se relacionar com estes deuses?
Este relacionamento seria a extrapolação do seu comportamento grupal. A servidão e adoração ao macho-alfa talvez fosse algo mais próximo do seu entendimento. O líder, macho-alfa, era o protetor do grupo e ao mesmo tempo um executor. Isto era o algo mais próximo do que poderiam entender como deus.
Ele era o deus existente e  possivelmente o primeiro intermediário do deus não-existente.
Esta relação gerará as primeiras estruturas religiosas, que evoluíram ou involuíram, dependendo do ponto de vista. Quase todas mantiveram o ato da intermediação entre os homens e deus e os atos de adoração. Estas estruturas criaram os deuses e seus desejos.
Voltando ao título;" hoje o que sabemos de deus ou dos deuses?"
Sabemos de deus, o que nós criamos. Foi uma criação unilateral do homem.
Talvez o momento de deus ou os deuses se revelarem esteja chegando. Talvez em um ato apocalíptico. Não de um deus antropomórfico, mas do próprio homem pelo conhecimento do seu ser e deste universo que o cerca e pela infinitude futura da sua existência.
E Deus continuará a ser o que foi, o que é e o que será.