Às vezes me pegam sorrindo e perguntam:
Do que você está rindo?
Respondo; estou só-rindo.
Não sei porque mas estabeleci uma diferença entre rir e sorrir.
Rir é expansão. É para fora
Sorrir é contração. É para dentro
Um explode, outro implode
A contração tem sido mais constante nestes meus tempos. É movimento menos energético e mais contemplativo. Coisas da idade, talvez.
Neste movimento, de uma forma quase natural, permito que este universo externo se aproxime mais se tornando, muitas vezes, uma segunda pele. Essa aproximação com o meu Eu traz imagens que misturam passado com presente. Esperançosos e angustiantes desejos e sonhos para o futuro, em flashes..
Quando estes dois universos, o de fora e o de dentro, se fronteirizam surge uma compreensão mais intima do que sou, pois permite que eu me olhe com meus olhos e os olhos de outrem, também.
Nestes momentos você é sempre surpreendido pois as duas imagens nem sempre são espelhadas. Surpresas agradáveis e desagradáveis. Sorrio.
A contrapartida desta visão também existe. Ao se permite a aproximação do externo com interno, a visão externa, me parece ficar mais nítida e a demonstração dos eventos externos muitas vezes não adere com a intenção.
Me parece que existe uma contradição humana quase eterna entre o que se demonstra e o que se quer,
Culturalmente, talvez correto. Vale a luta pela sobrevivência. Mas emocionalmente, pequenas tragédias. Sorrio.
A compreensão da visão e da cegueira nestes momentos traz a indulgência e ás vezes o perdão, para mim e para outrem e daí;
Surge um doce sorriso.