sexta-feira, 24 de maio de 2024

O Nomear e a Permanência

Durante um período me aprofundei no estudo da Cabala Judaica e dois conceitos sempre me chamaram atenção: o Nomear e a Permanência.

O conceito de Nomear não se resume a dar um nome, é muito mais amplo. No conceito de Nomear está incluso o ato de pensar a realidade, que antecede o ato de falar a realidade para que ela se consolide e possa ser trabalhada.

Estas duas funções são simbióticas. Ao se tentar expressar o pensamento há de existir um arcabouço fonético para que possa ser transmitido e a realidade possa ser alterada. Enfim novos pensamentos exigem novos fonemas e novos fonemas ampliam a realidade :

" E Deus disse; faca-se a luz e luz se fez e Deus viu que a luz era boa", 

O conceito de permanência é algo que está impresso em nossa alma. Precisamos deles para nosso crescimento humano. O sedentarismo físico, social, psicológico e espiritual é necessário para novos conhecimentos se sedimentem e novas realidades sejam estabelecidas. A história humana nos seus macro eventos e micro eventos nos mostram isto a todos momentos. Pensem no desenvolvimento da religião, no desenvolvimento da ciência, da própria sociedade. Mudanças ocorreram e períodos de tempo foram necessários para a sedimentação e entendimento. A permanência é necessária para que possamos incorporar novas realidades.

Acho que esta abordagem não traz grandes novidades mas onde quero chegar ?

Estamos vivendo um momento de alta volatilidade social, tudo muda a cada instante. O que é verdade rapidamente se transforma em mentira e vice versa. Não há tempo de sedimentação para uma nova realidade. Em paralelo a isto a base fonética ou seja a linguagem para expressar esta nova realidade está diminuindo e não consegue refletir esta nova realidade. 

E daí ?

E daí é que o conceito de certo e errado esboroam assim como as estruturas filosóficas que os sustentam. Novos profetas de todos campos de conhecimento ou pseudo abrem espectros infinitos de caminhos onde hordas de desajustados percorrem, alguns eufóricos, alguns depressivos, alguns violentos e outros passivos.

E o que estas hordas tem em comum?

Não entendem a realidade mutante que os cercam e não conseguem expressar aquilo que pensam e isto significa que eles não conseguem modificar a realidade em que vivem, só vivenciam aquilo que lhes são entregue.

Pena...viraram gados.