quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Desejos e sonhos de um pai

Tô sentado na poltrona ouvindo sua voz carente de ar. Os fatos vão pra trás e vem até aqui. Não vão para frente. O futuro deixou de ser conjugado. Passo a mão na sua tez. Um carinho imenso. Sou à toda momento confundido. Tenho dupla função sou pai, sou filho.
Olho com calma, tanto ele como eu sabemos que não precisamos ter pressa. As vezes se cala, me calo também. A minha presença basta, ela afasta todos os perigos e medos.
Os sonhos acabaram. Aí está a última lição a ser aprendida com ele.
Os sonhos acabam, a alma começa a fenecer, o corpo tenta prosseguir sem saber o rumo. Até quando?
Não sabemos, a alma tem seu próprio tempo. Parece que só o presente vai prevalecer. O passado se esvaí, o futuro não existe. Talvez a eternidade seja um presente contínuo.
Sendo assim o que posso doar a ele é o meu presente, o qual estamos conjugamos juntos.
Coragem ou covardia ele chegar até aqui?
Não sei dizer, se é medo ou achar que a vida sempre é luta.
Recosto a cabeça no espaldar da poltrona, os olhos continuam nele mas o pensamento captura cada rosto jovem que amo.
Seus rostos lindos que riem e choram com tanta frequência. Felicidade e tristezas passam velozes. Sonhos alcançados, sonhos destruídos. São universos em constante criação onde o caos e a ordem se estabelecem em constantes explosões e reordenação dos destroços.
O passado, o presente e o futuro estão entranhados em sua carne e alma. Seus olhos brilham.
Sonhe minha jovem esposa, sonhem meus filhos. Viagem neste barco do tempo.
A busca da felicidade será sempre eterna, com pequenas pausas, quando ancoramos no presente, para preparação de uma nova viagem.
À vocês, minha esposa  e filhos, um novo ano cheio de aventuras e venturas
Do seu esposo e pai. ( 31/12/2015)

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