quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A Gordinha ( A Dieta Humana )

Não sei se é sonho mas tenho viajado. O sonho não é o mesmo, parece que a cada noite sonho uma história. Tudo começou quando iniciei a maldita dieta com aquele monte de remédio fisioterápico com pitadas de anfetamina. Que merda. Veio a primeira noite:
Observava o horizonte, uma grande savana se espraiava. O sol se punha. O barulho é aquele que antecede o silêncio da noite. Olho para meu corpo, estou em uma árvore e sou peluda. Que coisa nojenta. Olho para os lados e vejo um monte de peludinhos em volta. Arhggg....
Todos começam a descer e literalmente caem no chão. Estou com fome. Parece que todos os peludinhos também. Não ando muito bem. Quase não tenho bunda mas balança. Comemos tudo que encontramos no chão frutas, folhas, carninha maturada que já vem temperada com bichinhos, bichinhos da terra e vamos focinhando.
Um grito de aviso e horror. Subimos todos para as arvores. Um bicho estranho de quatro patas pegou um dos peludinhos. Tadinho, não sei porque fazem isto. Somos tão magrinhos. Pele e osso.
Acordei em bicas. As magrinhas não suam assim. Só algumas gotinhas de suor. Sempre fresquinhas.
Logo após este veio outro:
Estávamos todos em uma caverna. Vi uma fogueira. Todos em volta Feiinhos demais, todos magrinhos,mais altinhos, um pouquinho mais cabeçudos, dentinhos fortes e menos peludinhos. Um fedorzinho insuportável no ar. Mistura de peito e da carninha maturada que conseguiram, assando na fogueira. Começou uma briga horrorosa por um pedaço de carne podre assada. Tomei um pescoção e acordei assustada e com fome. Não teve jeito visitei a geladeira.
Depois da geladeira especulei sobre o sonho mas com a barriguinha cheia, foi curta a especulação.
Resolvi comer uma comidinha leve antes de dormir na noite seguinte:
Estávamos numa choupana. Eu mais duas crianças magras. Não eramos grandes mas já não tínhamos aquela testa de macaco. Estávamos meio cobertos e meio nus. Uma mistureba cozinhava em cima de umas pedras com lenha por baixo, Gosto horrível mas dava sustância. Gritaria, sai da choupana e um grupo vizinho veio roubar nossa comida. Que confusão. Porrada para todo lado.
Acordei, fiz um sanduíche de queijo e outro de mortadela. Peguei uma latinha de coca e fui para varanda. Coisa estranha estes sonhos.
Sábado a noite vale tudo, rodizio de pizza. Tomei um banho e caminha:
O salão era suntuoso, mármore, mais mármore. Mesas imensas com comida. Carnes assadas de vários animais, frutas cereais, vinhos e cervejas artesanais. Pessoal mal-educado e porco. Come e vomita. Interessante muita gente com batas bonitas, homens e mulheres, e gordinhos, mas o pessoal que estava servindo a comida todos magrinhos Nos cantos do salão tremenda suruba. Esta turma não tem a menor vergonha. De repente um clarão. Algo grande está pegando fogo e tem um maluco cantando e tocando uma lira. Acordo enjoada. Não sei se foi a pizza ou a comilança do sonho.
No meio da semana é um correria. Não tenho tempo para nada. fiz um pequeno lanchinho antes de chegar em casa. Sento no sofá, ligo a televisão. Estou cansada, pego um barrinha de chocolate de 150 g para distrai:
Gente branca. Grandes e gordos. Todos parecidos comigo, apesar de não ser grande nem tão branca. Olha o tamanho dos hamburgers . Vários tipos de carne. E as batatas fritas, loucura. Tem até pedacinhos de frango bem gordurosos que vem numa caixinha de papelão. Isto deve ser o Paraíso. Tumulto. Tem um cara grande que começou a passar mal. Está estrebuchando. Alguém diz; "está infartando". Acordo meio agitada. Bebo um copo d`água. Estou sem fome.
Dia do psicanalista, cara de Freud com Troisgros. Conto os sonhos. Ele dá um pequeno sorriso e pergunta:
"Faz um resumo dos seus sonhos levando em conta tempo de procura de alimento, tempo se alimentando e tipo de alimento".
Pensei e falei;
No primeiro sonho passava muito tempo procurando alimento, comia pouco alimento cru e passava muito tempo me alimentando.
No segundo passava muito tempo procurando alimento, comia pouco alimento cru e assado e passava menos tempo me alimentando
No terceiro, passava menos tempo procurando alimento, comia pouco alimento cru e cozido e pouco tempo me alimentando.
No quarto, passava pouco tempo procurando, comia bastante alimento assado e cozido e pouco tempo me alimentando.
No quinto, encontrava a alimentação de forma imediata, comia muito alimento fritos, assados e cozidos e pouco tempo me alimentando.
Ele falou: " Parece que a regressão genética deu o recado, no passado procurávamos comida, hoje a comida nos encontra. O equilíbrio entre gasto e o consumo de energia se foi."
Tem razão e o pior é que gastei uma nota para ouvir isto. Vou gastar outra nota com nutrólogo para pegar uma receita e no entanto não consigo procurar comida. Ela me encontra na geladeira, na dispensa, na esquina, no shopping, na casa da mamãe....Estes encontros estão me matando.



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