O Rito de Anna

Minha filha
O Tempo é fluído. Não temos como controlá-lo. Criamos eventos para fingirmos controle. O porque desta frase é que estou pensando na minha menina. Chegou o seu Rito de Passagem. Talvez não tenha se dado conta. Nossos ancestrais tinham nestes ritos as marcas que o tempo impõe ao nosso corpo.
O primeiro sangramento seria o seu mais importante rito. Não foi. Foi só um susto. Um entender de algo complicado de entender. As brincadeiras continuaram, as bonecas também.
Pequenos percalços só mais tarde. O entendimento chega tardio diriam alguns. Gente velha e conservadora. Chega quando tem de chegar.
Dúvidas sobre o futuro começaram a ocorrer. As primeiras conversas com preocupação tiveram lugar com o tio. O tio, que até aquele momento, era mais um amigo passou a mudar na sua cabeça.
Talvez ela não tenha reparado nos meus olhos naqueles momentos. Um carinho imenso surgiu. Ela tinha iniciado a sua procura. Para mim  algo lindo, para ela assustador.
A minha menina estava iniciando o seu rito de passagem. Eu quero, eu não quero. Eu sei de tudo, eu não sei de nada. O ouvido do tio virou um grande recipiente.
Dúvidas, muitas. O mundo adulto a deixava confusa com certeza. Algumas experiências vividas não foram agradáveis. Chegou a encolher emocionalmente. Por que de tantas coisas?
Você foi forte minha menina. Admirei. Continuamos caminhando juntos.
Sem sentir fizemos um "upgrade", você se tornou minha filha e eu me tornei seu pai.
Sempre cuidei de você, só que em algum momento você quis os meus cuidados.
Risos e lágrimas vivenciei enquanto você dava entrada neste mundo adulto. Avanços e recuos.
Alguns risíveis, outros sofridos, mas esta primeira grande caminhada está chegando ao seu final.
De Carolzinha passará a Anna Carolina com muito status
Muitos caminhos se abrirão e você escolherá os quais trilhar. Em alguns deles ainda poderei estar junto, em outros, só torcer.
Mas não esqueça Anna Carolzinha, quando e onde estiver, que eu sempre estarei ao seu alcance.
Um beijo imenso do seu pai.
Rilden