sábado, 22 de abril de 2017

Porque estamos aqui ? -Cabala ( III )

Geralmente as perguntas transcendentais que ouvimos desde cedo são:
De onde viemos?
O que somos?
E para onde iremos?
Diria que quase todas as filosofias religiosas tem suas as respostas para estas perguntas. Porque?
Analisando com atenção estas perguntas me parecem que são perguntas que dão ensejo a estruturação de um sistema de controle. Tentando explicar vamos as perguntas:

De onde viemos?
Na maioria das gênesis das diversas filosofias religiosas, Deus, O Criador, A Inteligência Cósmica e outras centenas de denominações descrevem a entrada de Deus em nosso universo. Ele não só entra como cria o nosso Universo. Tudo faz parte deste Deus/Criador.Nosso horizonte de eventos ( até onde se enxerga ), para entender a criação, é o seu início. O que vem antes?
Não temos a ínfima possibilidade de entender nem de conjecturar no nosso estágio atual de fé e conhecimento. Então por uma relação de causalidade se não temos a minima ideia do que é Deus/Criador como saber de onde viemos já que viemos com ele.
Se olharmos para outras filosofias religiosas que tem por ato de fé que Universo sempre existiu e sempre existirá, a resposta, que me parece lógica, para esta pergunta é: viemos daqui e ficaremos aqui para o todo sempre.

Para onde iremos?
Para esta resposta  analogamente a resposta a pergunta de onde viemos. Se não sabemos de onde viemos, não saberemos para onde iremos. Se nosso Universo é eterno, sempre existiu e sempre existirá, viemos daqui e continuaremos aqui para todo sempre.

O que somos?
Esta é a pergunta que pode levar a um sistema religioso de controle ou um sistema de anarquia.
Se a esta pergunta se responde que somos filho de Deus, isto insere no contexto uma relação de compromisso, uma relação de submissão e de maneira não clara mas bastante impositiva uma relação de intermediação pois alguns serão mais filhos de Deus do que outros. Estes falarão direto com Deus, farão as regras, julgarão e punirão.
Se por outo lado para um Universo incriado, onde estaremos aqui por todo sempre, pode-se ter princípios filosóficos não temporais que podem em alguns casos levar a comportamentos apáticos ou anárquicos.

Mudo então a pergunta: por que estamos aqui?
Com esta pergunta coloco em segundo plano de onde vim, para onde irei. Conjugo o meu eu com a minha realidade. Sou o que sou e estou aqui. Esta é minha realidade. Com esta humildade e pragmatismo acredito então que possa fazer meu ato de fé.

" A finalidade que a alma entra em nosso corpo é demonstrar seus poderes e suas ações neste mundo, pois precisa de um instrumento. Ao descer a este mundo aumenta o fluxo de seu poder para guiar o ser humano pelo mundo. Por isso, aperfeiçoa-se em cima e embaixo, atingindo o estágio superior ao realizar-se em todas as dimensões. Se ela não se realizar em cima e embaixo não estará completa.
Antes de descer a este mundo, a alma mana dos mistérios dos níveis mais altos.Enquanto está neste mundo é completada e realizada por este mundo inferior. Ao partir deste mundo estará cheia de plenitude de todos os mundos, do mundo de cima e do mundo de baixo.
De início, antes de descer a este mundo, a alma é imperfeita; falta-lhe algo. Ao descer a este mundo ela é aperfeiçoada em todas as dimensões". ( A Jornada da Alma - Moses de Leon )

Este é meu ato de fé. Meu Eu e minha Alma  precisam se completar para que possamos transcender.
Fé pura fé. E para que se torne mais forte e não fraqueje, há de se ter um Credo.
Um credo que seja Universal e um credo que seja só meu.

terça-feira, 11 de abril de 2017

O Credo - Cabala ( ll )

À tempos atrás escrevi sobre a parábola da Criação aqui neste blog. Volto a este ponto de partida para para tentar estruturar o meu Credo.
Definir Credo é sempre difícil porque parte dele está no campo do que chamamos Realidade e o outro no campo que chamamos de Esperança. Os dois precisam ser fundidos gerando um Principio que será o nosso farol durante a nossa passagem por esta dimensão.
Gênesis:
E no principio, criou Deus os céus e a terra
E a terra era sem forma e vazia: e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espirito de Deus se movia sobre a face das águas
E disse Deus haja luz. E houve a Luz

Parábola da Criação:
O Criador criou um vaso com natureza diferente da sua
O Criador é doador e o vaso é receptor. Deus inunda o vaso de Luz
O vaso que é feito da essência logo deseja doar também
E nesse fluxo de doação o Vaso se estilhaça
Gerando o nosso Universo

Teoria do Big Bang
E uma partícula infinitesimal se desequilibra e começa uma expansão gerando o Universo que ora conhecemos de energia e matéria.

Existem outra gênesis em diversas cultura e na maioria delas existe principio de criação, poucas acreditam em um principio de imanência do Universo.
Fazendo uma reflexão sobre estas gênesis alguns aspectos questionam nossa mente e espirito.
O que existia antes da Criação?
Um Deus solitário?
Um Criador sem Criação?
Uma bola de gude energética adimensional ou multidimensional?
Nossa visão dialética ou empírica vai até este momento, além dele não temos capacidade mental nem espiritual de entendermos. Não entendemos o Absoluto.
E este é outro ponto que permeia quase todas as gênesis. No momento da Criação o Absoluto se transforma no Dicotômico:
Luz e Trevas
Doador e Receptor
Energia e Matéria
E aqui devemos fazer uma linha de corte. Deus não é cognoscível em sua essência e natureza. Ele é absoluto e só podemos reconhecer parte de sua criação.
Este reconhecimento da Criação pode nos levar a aceitar a Realidade ou a Esperança, a Fé
Em nosso Universo vemos a Ordem e o Caos
A Luz e as Trevas
Energia e Matéria
Carne e Espirito
E chego no ponto onde começo meu Credo. No momento da Criação eu estava lá.
Sou filho da Luz de Deus que permeou as Trevas
Sou filho da Ordem e do Caos
Sou filho da Energia e da Matéria
Sou carne, sou espirito
Parte disto reconheço: Trevas: Caos; Matéria: Carne
Parte disto tenho Fé: Luz de Deus: Ordem; Energia;Espirito
Isto é o meu amalgama; Vida e Morte; Bem e Mal; Bom e Ruim: Amor e Ódio
Somos sua doação, sua criação, sua expansão. Não importa, somos dicotômicos e ao aceitarmos isto acredito que estaremos mais em Paz em nossa caminhada nesta dimensão e estaremos mais sensível para percebermos porque estamos aqui, porque fomos doados, criados ou expandidos.
Para esta pergunta, porque fomos criado, temos uma parábola rabínica de um grande cabalista.
Nos vemos em breve.