domingo, 10 de novembro de 2013

O filho pródigo ( A visão do irmão mais velho )

Acredito que todos apreciam as parábolas de Jesus. Trazem ensinamentos maravilhosos. Mas uma delas sempre me chamou atenção pois envolve percepções diferentes de um mesmo evento dentro de uma família. A percepção do pai é descrita nesta parábola de forma explicita, o que não significa que não exista dubiez. Mas qual seria a percepção do filho mais velho na Parábola do Filho Pródigo ?
Interpretemos o texto e vejamos onde nos leva:
"O mais jovem diz ao pai: Pai, dá-me a parte da herança que me cabe ".
O que o filho mais velho pode interpretar desta solicitação: meu irmão pede parte da herança que lhe cabe mas isto não é certo. As terras, os gados e o trigo são propriedades de meu pai. Adquiridos com seu suor. Não existe herança pois meu pai ainda vive. Com que direito meu irmão faz este pedido se nada construiu?
"E o pai dividiu os bens entre eles".
Pelo texto não houve oposição do filho mais velho. Aceitou a decisão sabendo não houve equidade. O filho mais novo levou a metade dos bens e o pai e o filho mais velho ficaram com a outra metade.
"Dissipou sua herança em uma vida devassa".
Aparentemente isto já era esperado pelo filho mais velho. A falta de oposição do filho mais velho assim como a falta de recomendação ao irmão mais novo para a retidão e para prosperidade nos indicam esta visão.
"Quantos empregados de meu pai tem fartura, e eu aqui, morrendo de fome"
A decisão de retorno do filho mais novo não foi por arrependimento de ter levado uma vida devassa, mas sim, pela condição miserável que vivia sem a fortuna dada por seu pai.
" Mas o pai disse aos seus servos : Ide depressa trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandália nos pés. Trazei um novilho cevado e matai-o; comamos......."
" Seu filho mais velho estava no campo"....... "Chamando um servo perguntou o que estava ocorrendo" ....."Então ele ficou com muita raiva"
Talvez esta raiva do filho mais velho não seja por ciume como insinua a parábola e sim por algumas situações previsíveis e a pouca sabedoria do pai. Quando do pedido de herança, a prudencia  indicaria uma ajuda de alguns bens e ensinamentos, do pai para seu filho mais novo, para inicio de uma nova e independente vida e não a entrega de metade dos bens.
Ao cobrir seu filho mais novo de honrarias, o pai conduz o filho a mesma condição anterior a sua partida, no seio da família. Ora, o caráter do filho antes da partida não estava totalmente delineado, mas no seu retorno sim. Talvez a sabedoria recomendasse o receber de braços abertos, com todo amor de pai, mas em condição diferenciada para que pudesse provar que realmente estava arrependido e com ajuda de seu pai iria reaver a fortuna perdida.
"Mas o pai lhe disse: Filho (mais velho), tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu"
Por que destas palavras do pai?
A situação dos bens já estava decidida na partida do filho mais novo. Não havia necessidade do reforçar este ponto, a não ser que houvesse dúvida. Ao honrar o filho com a mesma deferência de antes da partida esta dúvida se instala e com certeza junto com a cizânia.
"teu irmão estava morto e tornou a viver; ele estava perdido e foi reencontrado"
Será que o irmão mais velho concordou com estas palavras de seu pai?
Acredito que não. Ele reviu o irmão, logo não estava morto. Seu irmão estava em local desconhecido e retornou, mas será que mudou?
Pouco provável...
Nos dias de hoje quantos filhos pródigos dilapidam a fortuna de seus pais com drogas, quantos filhos pródigos matam seus pais por ganância, quantos filhos pródigos permanecem simbioticamente ligado a seus pais sugando toda sua energia vital?
Meus estudos continuam até eu conseguir entender de forma clara e humana esta parábola de Jesus, mas até lá, só resta pedir perdão pela minha ignorância.

Nenhum comentário:

Postar um comentário