As vezes costumo bisbilhotar no "facebook" dos meus filhos. É bem interessante bisbilhotar a vida dos outros com seu consentimento. As pessoas se expõem de uma maneira que no mínimo chamaria de extravagante. Parece-me que a janela da auto-censura se amplia enormemente. Falam quase tudo sobre sua vida. Onde moram, onde estudam, onde estão, seus relacionamentos, suas opiniões, suas adesões e etc..
Mas olhando com mais atenção, comecei a me perguntar se esta exposição é uma verdade. A princípio sim, mas de quem?
Ora, diria Agamenon, é uma verdade da pessoa que posta. E aí surge a dúvida.
As pessoas que estão postando no "face" , estão postando aquilo que são e aquilo que acreditam?
Leio com mais atenção e me inclino a dizer que é pouco provável.
Tenho a impressão que as pessoas criam, em parte, um alter ego, ou seja uma personalidade projetada, para o "face". Vejam bem, não que este alter ego seja muito diferente do original mas parece-me que ele fica mais otimizado, mais "bombado".
Este alter ego "faciano" permiti maior participação emocional, ética, espiritual, política junto a toda esta comunidade virtual, conhecida também como rede social.
Disto surge duas perguntas básicas:
Uma de caráter individual, onde se pergunta qual o comportamento e comprometimento destas pessoas em relação aquilo que acreditam, no mundo físico do tête-à-tête.
Uma de caráter coletivo onde se pergunta até que ponto se pode fazer política pública calcada nesta gama de opiniões colocadas neste meio de relacionamento social e outros.
Acho que isto vale algumas teses de mestrado e doutorado, para explicar e indicar rumos.
Enquanto as explicações não chegam vou me deliciando com os super heróis atormentados e ascendentes do "facebook".
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