segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O que é família? A grande hipocrisia.

Até agora não entendi muito bem o porque do questionamento do que é uma família. Acho que todos vivíamos muito bem sem este questionamento. Tem certas coisas que acredito  não devem ser definidas, e família é uma delas. Infelizmente no Brasil, um recrudescimento do conservadorismo radical tanto no aspecto social quanto religioso nos levaram a posições de total irracionalidade. Não entendo as posições, pois são irracionais, mas entendo o momento. Vivemos, talvez na história do Brasil o momento de maior hipocrisia social e política. Diversas são os motivos, nem todos muito bem delineados. Deixarei que sociólogos expliquem todo este processo em um futuro próximo. Assumo que sou incompetente para tal. Mas assustei.
Assustei quando o papa Francisco veio a público e afirmou que a constituição da família está alicerçada no casal, um homem e uma mulher ou seja não existe a família sem um casal biológico, uma macho e uma fêmea.
Assustei porque aprendi a gostar do papa Francisco por suas posições em favor dos desassistidos. Parece que a hipocrisia não grassa somente nas terras brasilianas. Querer definir a família somente pelo seu aspecto biológico é reduzi-la à aspectos liliputianos.
A família carrega consigo aspectos sociais, morais, espirituais, culturais, financeiros e físicos. A sua antropologia é imensa.
Ao emitir opiniões sobre a família, a instituição Igreja esquece que alijou do seu seio a instituição família no Concilio de Latrão, impondo a todos os clérigos o celibato. O pseudo- motivo alegado era necessidade da total de liberdade e disponibilidade para servir a Deus. O motivo real era o receio da partilha dos bens da Igreja com familiares do seus clérigos. Esta proibição abriu as portas das grandes aberrações para a Igreja e que perduram até os dias de hoje. Fatos.
Certo ou errado; não ouso julgar.
Voltando a aspectos totalmente bíblicos,  recordemo-nos que há recomendações explicitas de Deus a seu povo, os judeus para crescerem e multiplicar. Obviamente sem um homem e uma mulher isto não pode ser feito. Pergunta-se; isto definia uma família?
Acredito que seja não. Esta recomendação está dentro de um contexto geo-politico. A terra da Judeia e Palestina estivem sempre sitiada por grandes impérios. Ao sul o Egípcio, ao norte Hitita, a leste Assírio e Babilônico. A razão era simples ou o povo judeu se multiplicava ou expirava.
A estrutura antropológica da família bíblica era totalmente diferente da família ocidental que temos hoje nos seus diversos aspectos; social, moral, cultural, etc...
Hoje não podemos viver nos mesmos moldes de 2000 anos atrás. Multiplicamo-nos demais. Hoje, a humanidade é quase um câncer para o planeta Terra. Estamos destruindo o nosso habitat. Os valores tem que ser mudados e talvez o maior deles seja o da família, que é a célula básica da humanidade. Não podemos mais sermos comparados a uma família de camundongos. A reprodução desenfreada da humanidade e a exploração de recursos estão nos levando a grande encruzilhada da sobrevivência. Esta sobrevivência passa por esta consciência e esta consciência com certeza não está ligada a definição biológica de família.
Decisões duras terão que ser tomadas, caminhos difíceis terão que ser trilhados. Milhões terão que ser protegidos ou perecerão.
Isto não ocorrerá se mantivermos esta visão estúpida e conservadora de família onde a exclusão é a tônica, e não a inclusão.
Enquanto isto o tempo escoa e os "castrattis" da vida se encastelam em suas posições fossilizadas com seu canto mefítico e imutável.
Lutemos por um conceito abrangente e inclusivo da família.

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