domingo, 8 de janeiro de 2023

Nossas conversas, filho. ( I )

Eu e meu filho temos algumas necessidades comuns e dentre elas uma apreciação por um filósofo dinamarquês, Kierkgaard. Meu filho me enviou mensagens com proposições do filósofo. O que pensar ?

A linguagem dos filósofos é sempre rebuscada. De difícil entendimento. A maioria fala de coisas que nunca vivenciou e muitos poucos falam da natureza e essência da Vida com um arcabouço de vivência. Nosso filósofo parece ser um desses últimos mas a linguagem continua rebuscada. Umas das mensagens é esta:  

"O axioma da antropologia kierkegaardiana é simples: ainda que todo homem se desenvolva com liberdade, não se cria a si mesmo a partir de nada: ele se recebe sob a forma de uma condição específica na qual está inscrita a necessidade de se arrancar da animalidade, dando-lhe como tarefa a realizar sua pessoa concreta. Dado a si mesmo sob a forma da imediaticidade, lançado no mundo sob a forma biológica do corpo e de sua reverberação psíquica (a alma), deve ele chegar ao espírito, à faculdade de síntese reflexiva. Em O conceito de angústia Kierkegaard mostra, com efeito, que o homem é uma síntese de alma e de corpo, e que esta síntese é inconcebível se os dois elementos não se unirem em um terceiro, que é o espírito5 , definição que ele usa de novo em A doença mortal. Mas, para compreender a dinâmica e a lógica deste pensamento, deve-se conjuntamente partir da definição da existência como cisão entre “opostos”, posta preliminarmente à tarefa de efetuar sua síntese.

Farago, France. Compreender Kierkegaard (Série Compreender) (p. 53). Editora Vozes. Edição do Kindle."

A primeira oração não só nos fala sobre o livre arbítrio mas também de algo mais que está acima da nossa condição biológica. Ele se percebe como sendo algo maior que sua animalidade. Esta percepção é primordial pois toda estrutura criada pela mente visa suportar esta consciência que chama de espirito. Corpo ( animalidade ) , Mente ( racionalidade ) e Espirito ( consciência e transcendência ).

Aceitar esta trindade do nosso Eu é o grande passo para nossa existência, para o nosso dia-a-dia. Sabemos que somos animais e como tal muitas vezes agiremos como tal. A nossa mente tentará nos afastar da nossa condição de animalidade em função das nossas Crenças e Credo que por sua vez pode nos aproximar muito mais de algo animal do que de um ser social. Desta dinâmica surge a grande pergunta, o que realmente queremos vivenciar neste plano ?

A partir deste ponto ou desta pergunta a nossa consciência aflora com mais força. Começa a existir a necessidade da transcendência. Só este plano de existência não basta para o entendimento da Vida. Esta consciência ou Espirito permitirá entender a mistura das nossas paixões, nobres ou não, com nossa racionalidade de criação de um mundo melhor ou não devido aos conceitos ou preconceitos, Cisão e Síntese, e este mesmo Espírito, acima de tudo, nos dará a santidade do auto perdão para continuarmos em nossa senda.

Assim vejo. Um grande beijo, filho...

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