Acho que o velho foi com a minha cara. Sorriu, eu me aproximei.
Curioso - Oi!! Tudo bem?
Velho - Tudo. Você é novo por aqui? Não tinha lhe visto.
Curioso - Não. Moro aqui perto a bastante tempo mas quase não passava por aqui. Com a inauguração do novo supermercado faço agora este caminho com mais frequência.
Velho - Hamm !! Mas me diga uma coisa porque você estava parado escutando a nossa conversa, eu e o Piloto.
Curioso - Piloto ??!! Achei o camarada meio estranho, por isso parei. As roupas são meio espalhafatosas mas a fisionomia é tranquila e a expressão corporal também. Foi o contraste. Aí eu escutei que vocês falavam sobre alma e fiquei curioso. As vezes penso sobre isto de maneira muito superficial. Acho que sou muito jovem para pensar nisto com mais intensidade. Como você falou que já pensou nisto muitas vezes, isto aguçou minha curiosidade.
Velho - Você acredita que todos temos uma alma?
Curioso - Acho que sim mas não conheci nenhuma até hoje.
Velho - Muito engraçadinho. Professa alguma religião, algum credo?
Curioso - Sou católico brasileiro. Fui batizado, fiz primeira comunhão e só li a Bíblia em história em quadrinho.
Velho - É, realmente a sua cultura filosófica-religiosa é extensa....
Curioso - É, mas não é menor que 99% dos católicos ou dos que se dizem cristão.. Mas e a alma, temos ou não?
Velho - Bem... difícil de explicar. Vamos partir do principio que ela exista e não vamos questionar o porque ela existe. Existindo a alma nós somos que nem aquelas bonecas russas. Você conhece?
Curioso - Sei. Aquelas bonequinhas de madeira que vem uma dentro da outra.
Velho - Exato. A primeira bonequinha seria a nossa alma, que se poderia dizer que é uma energia divina, a imagem de Deus. A segunda bonequinha que cobre a primeira, é o nosso corpo, que é imagem dos nossos pais, a terceira bonequinha é a nossa família que trazem os valores dos nossos antepassados e a quarta e última bonequinha é a nossa comunidade que contém os valores da nossa vida em grupo.
Veja bem, a nossa alma precisa da nosso corpo para entrar em contato com o universo material que nos cerca. Precisa dos nossos sentidos; visão, audição, olfato, paladar e tato para se conectar com este universo e ao mesmo tempo precisa armazenar, processar e aprender com todos todos os sinais captados pelos nossos sentidos. Através deste corpo absorvemos todo o conhecimento e valores dos nossos antepassados e os valores que organizam a sociedade em que vivemos.
Dentro deste conceito podemos dizer que há um certo determinismo pois o nosso corpo é pre-concebido pelas leis genéticas, nossas estruturas familiar e comunitária, com seus valores, estão estabelecidas e vivemos neste conjunto de leis; pergunto então, se somos fruto deste amalgama determinístico, porque mudamos tanto ?
Curioso - Deixa ver se eu entendi. Se corpo e valores são pre-determinados, onde fica a questão do livre arbítrio? Com a alma? Ela é o agente da mudança? Ela existe?
Velho - Falar com certeza que sim, eu não posso dizer pois como você diz eu nunca vi uma alma, mas veja bem, talvez possamos ver e conversar com a nossa alma.
Curioso - Bem... Se eu sou a alma e alma sou eu, fica difícil....a única coisa que eu consigo ver de mim mesmo é quando estou de cara com o espelho.
Velho - É você tem um bom raciocínio apesar da sua extensa cultura. É isto mesmo. Você tem uma visão para fora e uma visão para dentro. Para que isto ocorresse de forma natural seria necessário que todas as lentes fossem retiradas. E o que são estas lentes?
São nossos sentidos, são nossos valores, nossas experiências e nossas emoções. Enfim são nossas bonequinhas opacas. Tudo isto embaça a nossa visão exterior assim como a visão interior e isto impede a nossa conversa com a nossa alma.
Diria eu, se pudêssemos, hoje, abrir cada bonequinha de tal forma que nossa alma conseguisse ver o esplendor do universo com os sentidos aprendidos assim como nosso corpo conseguisse ver a grandeza da alma com as nossas emoções aprendidas. Sem valores, sem pudores....Aí sim então poderíamos começar a conversa com ela e também começar aprender Deus.
Curioso - Poxa... Já é difícil entender isto quanto mais tentar fazer...
Velho - É isso aí... É difícil este encontro com a alma e encontrando são tantas as perguntas e a que mas nos assusta é se existiria ou não a sua individualidade.
Curioso - Como assim?
Velho - Seremos indivíduos para toda a eternidade ou seremos um todo eterno, que seria quase como dizer que deixaríamos de existir. E aí está a minha conversa com o Piloto. Existe neste meandro centenas de questionamentos e a maioria sem uma resposta convincente. Ele sabe disto, é muito inteligente. O resumo da ópera é que ele acredita que chegamos a alma pela nossa individualidade e necessidade de mudança e afirma: "Nossa alma vem incompleta a este Universo e sua missão é se completar", é dela , só, dela.
Curioso - Bonito. Vou pensar no assunto. Quanto o Piloto passa de novo por aqui?
Velho - Não sei bem. Ele costuma conversar muito com o Sampaio.
Curioso - Gostaria de conversar com vocês. Achei a conversa interessante. O Sampaio está por aí, pra perguntarmos para ele?
Velho - Não Sampaio já foi e não volta mais, mas passa sábado a tardinha, acho que é dia de folga do Piloto.
Curioso - Tá legal, vou tentar passar e condolências pelo seu amigo. Tchau...
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Juro!!!! Não quero sucesso.....
Quero acordar
Sentir meu corpo, sem pressa......
Espreguiçar, sorrir para exercitar a minha face
Escutar meu filho
Compartilhar seu primeiro sorriso
Dividirmos a mesa e trocarmos oferendas
Depois a preparação para mais um dia no Mundo
Olhar a pimenteira e medir o seu infinitésimo de crescimento
Estamos limpos, passamos pelo portal do nosso Paraíso
Filho, vá... aprenda...seja feliz ....
Junto-me aos meus, corremos, xingamos e sorrimos
Depois do cansaço, a meditação....
Não quero sucesso
Compromisso, só com aqueles a quem amo. Sem lutas
Repouso
Repenso minha finitude
O que fazer neste pequeno tempo que resta ?
Seriam tantas coisas
Aquelas que me fariam um super-homem já estão no lixo
Aquelas que me trariam a Paz, já estão sobre a mesa
Mas no verso destas existe a Guerra... dicotomia da Vida
O que escolher, não sei
Só sei o que não devo escolher
Enquanto isto o tempo escorre
Tento driblar os buracos e as pedras do caminho
Os atalhos já não me atraem, beiram o desconhecido
Hora da rotina. É boa.
Logo depois, retorna meu filho, sábio....
Não só com seu sorriso mas com suas palavras
Chega a hora do afago de nossa Mãe
É o tempo de falar, escutar e sorrir com mansidão
O dia se foi, nossos corpos reclamam
Adormecer, e penso; não quero o sucesso
Mas algo no fundo pergunta;
O que você procura ?
Sentir meu corpo, sem pressa......
Espreguiçar, sorrir para exercitar a minha face
Escutar meu filho
Compartilhar seu primeiro sorriso
Dividirmos a mesa e trocarmos oferendas
Depois a preparação para mais um dia no Mundo
Olhar a pimenteira e medir o seu infinitésimo de crescimento
Estamos limpos, passamos pelo portal do nosso Paraíso
Filho, vá... aprenda...seja feliz ....
Junto-me aos meus, corremos, xingamos e sorrimos
Depois do cansaço, a meditação....
Não quero sucesso
Compromisso, só com aqueles a quem amo. Sem lutas
Repouso
Repenso minha finitude
O que fazer neste pequeno tempo que resta ?
Seriam tantas coisas
Aquelas que me fariam um super-homem já estão no lixo
Aquelas que me trariam a Paz, já estão sobre a mesa
Mas no verso destas existe a Guerra... dicotomia da Vida
O que escolher, não sei
Só sei o que não devo escolher
Enquanto isto o tempo escorre
Tento driblar os buracos e as pedras do caminho
Os atalhos já não me atraem, beiram o desconhecido
Hora da rotina. É boa.
Logo depois, retorna meu filho, sábio....
Não só com seu sorriso mas com suas palavras
Chega a hora do afago de nossa Mãe
É o tempo de falar, escutar e sorrir com mansidão
O dia se foi, nossos corpos reclamam
Adormecer, e penso; não quero o sucesso
Mas algo no fundo pergunta;
O que você procura ?
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Economia&Economistas - Um caso de psicanálise ou policia
Ao assistir televisão ou ler um jornal é espantoso a quantidade de informações que recebemos de dados econômicos. É taxa de câmbio, é divida pública, é taxa de investimento, é taxa de juros e vai por aí a fora. Mas impressionante ainda são as análises feitas por comentaristas econômicos ( jornalistas de televisão, professores de universidades, chefes de divisão de bancos, ex-diretores de alguma instituição governamental, etc...etc...e etc...). O interessante é verificar que estas análises não se sustentam por mais de uma semana. É incrível... Mas, mais incrível ainda, é que este pessoal continua fazendo previsões a todo momento, desdizendo o que disseram no dia anterior. É ser muita cara de pau.
Lembemo-nos que no inicio do ano, previram que teríamos um apagão energético e que o país entraria em uma recessão brutal pela falta de energia e o encarecimento da energia produzida devido a entrada das termoelétricas. Culpa do governo. Porque? Qual a lógica de culpar o governo? Talvez política...
Vamos aos fatos. Choveu como chove quase todos os anos. Os reservatórios que não estavam tão vazios assim, hoje estão em bons níveis . Caso tivéssemos uma seca prolongada, entrariam as usinas termoelétricas, que são alimentadas em sua maioria por gás. Foi para isto que elas foram construídas. Hoje além de termos boas reservas de gás, temos um contrato com a Bolívia de fornecimento por preços bem abaixo do que o estabelecido pelo mercado internacional. Nossa matriz energética é eminentemente hidráulica e continuará assim. Tenhamos em mente que a construção de novas usinas hidroelétricas demandam um tempo de maturação elevado. Passou a pseudo crise, ninguém fala mais nisto.
Depois disto veio a crise do tomate . Quanta bobagem foi dita e talvez o verdadeiro motivo não tenha se tornado claro. A leitura da inflação, pelos especialistas, que estaria ocorrendo uma contaminação em todos os setores devido ao tomate não se concretizou. Comprei na semana passada o quilo do tomate a R$ 1,60. A inflação foi descontaminada. Acredito que a causa básica tenha sido problema de radiação. Ainda bem que não temos usinas nucleares. Já pensou no samba do crioulo doido que nossos comentaristas iriam criar. Vade retro Satanás.
Tivemos mais algumas crises, como a da infraestrura, a da taxa de juros e outras que já esqueci por serem tão efêmeras. Mas vamos a última, esta com certeza será um "case" no futuro.
O presidente e o secretário do tesouro dos Estados Unidos resolvem injetar R$ 85 bilhões/mês na economia americana, mantendo o juro muito baixo para incentivar o crescimento econômico através do aumento de consumo (isto só vale para os EUA pois nossos economistas tupiniquins decretaram que este modelo está esgotado no Brasil e nós entraremos em uma crise se persistirmos. Haja Deus ).
As opiniões de comentaristas e economistas sobre o impacto desta decisão na economia brasileira tiveram um espectro de 180º, ou seja, opiniões totalmente contrárias o tempo todo.
Nos últimos meses ocorreu um boato que o governo americano iria retirar este incentivo.
Loucura total, dólar dispara pois os EUA será um buraco negro de sua moeda. Vai sugar tudo.
Fato: Não faltou dólar para iniciativa privada nem para pagamento da divida externa do Brasil. O Brasil continua com reservas em torno de $ 4oo bilhões.
Comentários dos nossos comentaristas e economistas: Teremos uma crise pois nossos dados macroeconômicos mostram que nossa economia não está bem equilibrada. A disparada do dólar afetará nossa economia profundamente pois não se trata somente de um fator externo mas também de um forte desequilíbrio interno.
Nas últimas semanas foi anunciado pelo secretário do tesouro americano a incerteza sobre o crescimento americano e com isto confirmou a manutenção do incentivo. Logo após foi anunciado o nome do novo secretário do tesouro que por seu perfil deverá manter a politica atual da Secretaria de Tesouro dos EUA.
Neste mesmo interregno, a Secretaria de Tesouro Americana, em tom de quase desculpa, solicita que países emergentes se preparem para a retirada gradual do incentivo do tesouro americano, gerando com isto uma possível alta taxa de retorno de capital de investimento, tanto quanto o especulativo para os EUA, e também o aumento das taxas de juros compatíveis com uma inflação adequada a este crescimento nos EUA. Esta recomendação é corroborada pela diretora-chefe do FMI.
Fato: O dólar caí no Brasil, chegando a patamares bem confortáveis para o nosso Banco Central.
Comentários dos nossos comentaristas e economistas: Eles sempre falam, não tem jeito mas com cara de bundão pois tanto a Secretaria do Tesouro Americana quanto o FMI declararam alto e em bom tom que mexidas nos incentivos para o crescimento americano podem afetar as economias emergentes. Este é o principal fator.
Procuro uma justificativa para tantas opiniões conflitantes. Seria isto um caso de esquizofrenia coletiva? Ou existe interesses outros além das tentativas explicar um cenário econômico?
Cheguei a conclusão que se pudêssemos dividir a Economia em dois grandes segmentos, seria possível entender um pouco mais estas discrepâncias. Teríamos então:
A Economia Real e Economia Virtual
A Economia Real é aquela em que estamos totalmente imersos. É a economia da nossa sobrevivência, é a economia do nosso conforto, é a economia do comercio, é a economia da produção, é a economia do investimento, etc.... Vejamos bem, isto tem corpo, tem inércia. Qualquer mexida que se queira fazer neste mundo econômico é necessário recursos e tempo. Neste universo os aspectos macro e microeconômicos tem sentido.
A Economia Virtual, a que muitos chamam de mercado, outros adjetivando chamam de mercado financeiro é uma economia sem corpo, sem inércia. São bilhões, senão trilhões de dólares virtuais flutuando em grandes nuvens digitais. Este dinheiro virtual parte é aplicado na economia real mas grande parte em especulações legalizadas chamadas de forma geral de mercado futuro. Neste mercado tudo se aposta e o principio é bem simples. Grupos, tanto privados quando governamentais, emitem papéis com valor de face presente e fazem promessa de compra destes mesmos papeis ( e aí se incluí também moeda e produtos) no futuro. Ora tem grupos que ganharão com a valorização e tem grupos que ganharão com a desvalorização. É uma queda de braço e vale tudo. Obviamente expectativas são geradas e manipuladas para atender a grupos de interesse e com isto se maximizar o lucro.
Isto pode justificar a alta especulativa do dólar de um dia para o outro, ou seja, um boato nos EUA fazem ocorrer uma valorização de 25%. Quem ganha , quem perde?
Aumento do tomate de quase 1000% em um mês, sem seca nem redução de safra. Com certeza o produtor não ganhou pois na maioria das vezes a safra é comprada no ato semeadura. Existe uma cadeia de comercialização que compra do produtor especula com o preço no varejo.
Estas ocorrências especulativas criam o estressamento de preços ( stress em inglês ) ou seja o capital virtual e especulativo vai esticar a corda do preço e do lucro ao máximo, onde enxergar oportunidades. Guardadas as devidas proporções a crise de 2008 dos derivativos desencadeada nos EUA teve este principio. Foram estressando o mercado de derivativos até um momento que se descobriu que não havia lastro suficiente para o valor destes derivativos.
Vemos então que esta Economia Virtual não obedece regras econômicas e sim a regras de um universo de oportunidades e ameaças de curto prazo que age tanto no nosso micro-espaço quando se compra algo de alguém que esta com a corda no pescoço, encurtando o preço de aquisição e se vende logo após maximizando o lucro ou quando se faz um ataque especulativo a moeda de um país quando este passa por uma turbulência sócio-econômica como já ocorreu conosco em um passado não muito distante.
Fechando o raciocínio, estes dois segmentos são siameses, não tem como separar. Para nós leigo é necessário que alguém que realmente conheça o meandro destes dois segmentos e que tenha uma posição isenta nos dê um cenário coerente e isto está extremamente difícil de encontrar. Fora isto o que temos assistidos são comentaristas e economistas emitindo opiniões ou criando cenários que interessam a grupos de interesse financeiros e políticos também e jornalistas orelhudos que por fazerem cobertura da área econômica se julgam doutores no assunto.
Tenhamos cuidado ao nos posicionarmos, o jogo é pesado.
Enquanto isto, por via das dúvidas, vou me comportar que nem o seu José da mercadinho. Puxo a gaveta, olho e conto, se tenho dinheiro compro, se não tenho não compro. Tchau.
Lembemo-nos que no inicio do ano, previram que teríamos um apagão energético e que o país entraria em uma recessão brutal pela falta de energia e o encarecimento da energia produzida devido a entrada das termoelétricas. Culpa do governo. Porque? Qual a lógica de culpar o governo? Talvez política...
Vamos aos fatos. Choveu como chove quase todos os anos. Os reservatórios que não estavam tão vazios assim, hoje estão em bons níveis . Caso tivéssemos uma seca prolongada, entrariam as usinas termoelétricas, que são alimentadas em sua maioria por gás. Foi para isto que elas foram construídas. Hoje além de termos boas reservas de gás, temos um contrato com a Bolívia de fornecimento por preços bem abaixo do que o estabelecido pelo mercado internacional. Nossa matriz energética é eminentemente hidráulica e continuará assim. Tenhamos em mente que a construção de novas usinas hidroelétricas demandam um tempo de maturação elevado. Passou a pseudo crise, ninguém fala mais nisto.
Depois disto veio a crise do tomate . Quanta bobagem foi dita e talvez o verdadeiro motivo não tenha se tornado claro. A leitura da inflação, pelos especialistas, que estaria ocorrendo uma contaminação em todos os setores devido ao tomate não se concretizou. Comprei na semana passada o quilo do tomate a R$ 1,60. A inflação foi descontaminada. Acredito que a causa básica tenha sido problema de radiação. Ainda bem que não temos usinas nucleares. Já pensou no samba do crioulo doido que nossos comentaristas iriam criar. Vade retro Satanás.
Tivemos mais algumas crises, como a da infraestrura, a da taxa de juros e outras que já esqueci por serem tão efêmeras. Mas vamos a última, esta com certeza será um "case" no futuro.
O presidente e o secretário do tesouro dos Estados Unidos resolvem injetar R$ 85 bilhões/mês na economia americana, mantendo o juro muito baixo para incentivar o crescimento econômico através do aumento de consumo (isto só vale para os EUA pois nossos economistas tupiniquins decretaram que este modelo está esgotado no Brasil e nós entraremos em uma crise se persistirmos. Haja Deus ).
As opiniões de comentaristas e economistas sobre o impacto desta decisão na economia brasileira tiveram um espectro de 180º, ou seja, opiniões totalmente contrárias o tempo todo.
Nos últimos meses ocorreu um boato que o governo americano iria retirar este incentivo.
Loucura total, dólar dispara pois os EUA será um buraco negro de sua moeda. Vai sugar tudo.
Fato: Não faltou dólar para iniciativa privada nem para pagamento da divida externa do Brasil. O Brasil continua com reservas em torno de $ 4oo bilhões.
Comentários dos nossos comentaristas e economistas: Teremos uma crise pois nossos dados macroeconômicos mostram que nossa economia não está bem equilibrada. A disparada do dólar afetará nossa economia profundamente pois não se trata somente de um fator externo mas também de um forte desequilíbrio interno.
Nas últimas semanas foi anunciado pelo secretário do tesouro americano a incerteza sobre o crescimento americano e com isto confirmou a manutenção do incentivo. Logo após foi anunciado o nome do novo secretário do tesouro que por seu perfil deverá manter a politica atual da Secretaria de Tesouro dos EUA.
Neste mesmo interregno, a Secretaria de Tesouro Americana, em tom de quase desculpa, solicita que países emergentes se preparem para a retirada gradual do incentivo do tesouro americano, gerando com isto uma possível alta taxa de retorno de capital de investimento, tanto quanto o especulativo para os EUA, e também o aumento das taxas de juros compatíveis com uma inflação adequada a este crescimento nos EUA. Esta recomendação é corroborada pela diretora-chefe do FMI.
Fato: O dólar caí no Brasil, chegando a patamares bem confortáveis para o nosso Banco Central.
Comentários dos nossos comentaristas e economistas: Eles sempre falam, não tem jeito mas com cara de bundão pois tanto a Secretaria do Tesouro Americana quanto o FMI declararam alto e em bom tom que mexidas nos incentivos para o crescimento americano podem afetar as economias emergentes. Este é o principal fator.
Procuro uma justificativa para tantas opiniões conflitantes. Seria isto um caso de esquizofrenia coletiva? Ou existe interesses outros além das tentativas explicar um cenário econômico?
Cheguei a conclusão que se pudêssemos dividir a Economia em dois grandes segmentos, seria possível entender um pouco mais estas discrepâncias. Teríamos então:
A Economia Real e Economia Virtual
A Economia Real é aquela em que estamos totalmente imersos. É a economia da nossa sobrevivência, é a economia do nosso conforto, é a economia do comercio, é a economia da produção, é a economia do investimento, etc.... Vejamos bem, isto tem corpo, tem inércia. Qualquer mexida que se queira fazer neste mundo econômico é necessário recursos e tempo. Neste universo os aspectos macro e microeconômicos tem sentido.
A Economia Virtual, a que muitos chamam de mercado, outros adjetivando chamam de mercado financeiro é uma economia sem corpo, sem inércia. São bilhões, senão trilhões de dólares virtuais flutuando em grandes nuvens digitais. Este dinheiro virtual parte é aplicado na economia real mas grande parte em especulações legalizadas chamadas de forma geral de mercado futuro. Neste mercado tudo se aposta e o principio é bem simples. Grupos, tanto privados quando governamentais, emitem papéis com valor de face presente e fazem promessa de compra destes mesmos papeis ( e aí se incluí também moeda e produtos) no futuro. Ora tem grupos que ganharão com a valorização e tem grupos que ganharão com a desvalorização. É uma queda de braço e vale tudo. Obviamente expectativas são geradas e manipuladas para atender a grupos de interesse e com isto se maximizar o lucro.
Isto pode justificar a alta especulativa do dólar de um dia para o outro, ou seja, um boato nos EUA fazem ocorrer uma valorização de 25%. Quem ganha , quem perde?
Aumento do tomate de quase 1000% em um mês, sem seca nem redução de safra. Com certeza o produtor não ganhou pois na maioria das vezes a safra é comprada no ato semeadura. Existe uma cadeia de comercialização que compra do produtor especula com o preço no varejo.
Estas ocorrências especulativas criam o estressamento de preços ( stress em inglês ) ou seja o capital virtual e especulativo vai esticar a corda do preço e do lucro ao máximo, onde enxergar oportunidades. Guardadas as devidas proporções a crise de 2008 dos derivativos desencadeada nos EUA teve este principio. Foram estressando o mercado de derivativos até um momento que se descobriu que não havia lastro suficiente para o valor destes derivativos.
Vemos então que esta Economia Virtual não obedece regras econômicas e sim a regras de um universo de oportunidades e ameaças de curto prazo que age tanto no nosso micro-espaço quando se compra algo de alguém que esta com a corda no pescoço, encurtando o preço de aquisição e se vende logo após maximizando o lucro ou quando se faz um ataque especulativo a moeda de um país quando este passa por uma turbulência sócio-econômica como já ocorreu conosco em um passado não muito distante.
Fechando o raciocínio, estes dois segmentos são siameses, não tem como separar. Para nós leigo é necessário que alguém que realmente conheça o meandro destes dois segmentos e que tenha uma posição isenta nos dê um cenário coerente e isto está extremamente difícil de encontrar. Fora isto o que temos assistidos são comentaristas e economistas emitindo opiniões ou criando cenários que interessam a grupos de interesse financeiros e políticos também e jornalistas orelhudos que por fazerem cobertura da área econômica se julgam doutores no assunto.
Tenhamos cuidado ao nos posicionarmos, o jogo é pesado.
Enquanto isto, por via das dúvidas, vou me comportar que nem o seu José da mercadinho. Puxo a gaveta, olho e conto, se tenho dinheiro compro, se não tenho não compro. Tchau.
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
O Velho e a Morte ( I )
Achei estranho aquela figura que conversava com um velho. Curioso, aproximei com cara de paisagem e direcionei minha melhor orelha, a direita pois é mais aberta e um pouco maior, para os dois. A conversa já estava adiantada:
Velho - Mas eu tenho...
Figura - Medo de que?
Velho - Você não teria medo de acabar?
Figura - Acho que sim, mas o que acha que é acabar
Velho - Ora..., acabar é acabar. É virar nada.
Figura - Mas você hoje é alguma coisa. Você tem uma história. Como isto pode acabar?
Velho - Você não entende mesmo, né?!! Olha para mim. Tá me vendo? Isto vai acabar.
Figura - É..estou vendo seu corpo. Concordo que ele um dia vai acabar, quer dizer, vai se transformar em outra coisa mas o seu medo, a sua vontade de me chamar de burro vai para onde?
Velho - Vai tudo embora, não fica nada, entendeu????
Figura - É... acho que entendi. Você tem medo de ir embora e não de acabar. Se você soubesse o que aconteceria quando seu corpo parasse, este medo não existiria, não é??
Velho - Claro.. se eu tivesse certeza que existe algo depois que meu corpo parar, eu não teria medo de morrer. Você é meio tapadinho, né ??!!
Figura - Sou. Meu Pai sempre me disse que eu não sei explicar direito as coisas. Sou piloto, sabe??
Na maioria das vezes tenho que explicar aos passageiros, de onde estamos vindo, para onde estamos indo e estas coisas de viagem. Nunca consigo explicar muito bem mas sou insistente, estou melhorando. Mas mudando um pouco a direção da prosa... Você tem filhos?
Velho - Poxa, você é mais retrô do que eu. Tenho 3 filhos, porque?
Figura - Com a mesma esposa?
Velho - É. Ela já se foi..
Figura - Sei...Tem algum filho que te traz mais preocupação?
Velho - O mais velho. Sempre turrão, cabeça dura. Vive dando topada na vida e não consegue aplumar e se acha o bambambam...
Figura - E os outros dois?
Velho - O caçula é muito centrado, tranquilo, um bom rapaz. Do meio é uma menina, inteligente, médica mas não para em lugar nenhum. Parece que tem bicho carpinteiro.
Figura - Interessante né??!! Filhos dos mesmos pais, criados dentro mesma família e acredito na mesma comunidade e tão distintos. Já se perguntou porque da diferença?
Velho - Já. Não consigo explicar muito bem. Tiveram a mesma criação, o que dei a um, dei aos outros. Realmente, as vezes me pego perguntando onde errei com o mais velho?
Figura - Já pensou que tem algo a mais nos seus filhos além da genética de você e de sua esposa e dos valores da sua família e da comunidade ?
Velho - Claro, seu boca mole!!! Você quer falar da alma, certo?? Se existe alma, existe continuidade, certo??
Figura - É.
Velho - Com quase noventa, você acha que não pensei muito sobre isto. Tem muito papo de padre cantor, pastor roqueiro, babalorixá extraterrestre tentando explicar o reino dos Céus. Desisti desta turma a muito tempo mas andar sozinho nesta seara dói e e consigo no máximo ficar na penumbra.
Figura - É concordo. Mas seria legal falar sobre a alma. Pode doer mas pode ser um bálsamo. Pai falou que conversar com você faria bem a nós dois. Preciso ir tenho pois tenho um compromisso e tem um "spy" orelhudo escutando nossa conversa.
Velho - Deixa quieto. É bom que ele aprende alguma coisa. Traz seu pai aqui, você me parece um moço inteligente e seu pai deve ser boa gente.
Figura - Trazer o Pai, logo, é difícil. Mas se ele puder ajudar, ele ajuda. Tchau. Te encontro
Velho - Tchau. Tô sempre por aqui. Não dá para ir muito longe. Ei, de onde seu pai me conhece?
A figura estranha foi embora, sorri para o velho com um jeito de convite para conversar. Ele sorriu. Talvez eu consiga ser um penetra no próximo papo.
Velho - Mas eu tenho...
Figura - Medo de que?
Velho - Você não teria medo de acabar?
Figura - Acho que sim, mas o que acha que é acabar
Velho - Ora..., acabar é acabar. É virar nada.
Figura - Mas você hoje é alguma coisa. Você tem uma história. Como isto pode acabar?
Velho - Você não entende mesmo, né?!! Olha para mim. Tá me vendo? Isto vai acabar.
Figura - É..estou vendo seu corpo. Concordo que ele um dia vai acabar, quer dizer, vai se transformar em outra coisa mas o seu medo, a sua vontade de me chamar de burro vai para onde?
Velho - Vai tudo embora, não fica nada, entendeu????
Figura - É... acho que entendi. Você tem medo de ir embora e não de acabar. Se você soubesse o que aconteceria quando seu corpo parasse, este medo não existiria, não é??
Velho - Claro.. se eu tivesse certeza que existe algo depois que meu corpo parar, eu não teria medo de morrer. Você é meio tapadinho, né ??!!
Figura - Sou. Meu Pai sempre me disse que eu não sei explicar direito as coisas. Sou piloto, sabe??
Na maioria das vezes tenho que explicar aos passageiros, de onde estamos vindo, para onde estamos indo e estas coisas de viagem. Nunca consigo explicar muito bem mas sou insistente, estou melhorando. Mas mudando um pouco a direção da prosa... Você tem filhos?
Velho - Poxa, você é mais retrô do que eu. Tenho 3 filhos, porque?
Figura - Com a mesma esposa?
Velho - É. Ela já se foi..
Figura - Sei...Tem algum filho que te traz mais preocupação?
Velho - O mais velho. Sempre turrão, cabeça dura. Vive dando topada na vida e não consegue aplumar e se acha o bambambam...
Figura - E os outros dois?
Velho - O caçula é muito centrado, tranquilo, um bom rapaz. Do meio é uma menina, inteligente, médica mas não para em lugar nenhum. Parece que tem bicho carpinteiro.
Figura - Interessante né??!! Filhos dos mesmos pais, criados dentro mesma família e acredito na mesma comunidade e tão distintos. Já se perguntou porque da diferença?
Velho - Já. Não consigo explicar muito bem. Tiveram a mesma criação, o que dei a um, dei aos outros. Realmente, as vezes me pego perguntando onde errei com o mais velho?
Figura - Já pensou que tem algo a mais nos seus filhos além da genética de você e de sua esposa e dos valores da sua família e da comunidade ?
Velho - Claro, seu boca mole!!! Você quer falar da alma, certo?? Se existe alma, existe continuidade, certo??
Figura - É.
Velho - Com quase noventa, você acha que não pensei muito sobre isto. Tem muito papo de padre cantor, pastor roqueiro, babalorixá extraterrestre tentando explicar o reino dos Céus. Desisti desta turma a muito tempo mas andar sozinho nesta seara dói e e consigo no máximo ficar na penumbra.
Figura - É concordo. Mas seria legal falar sobre a alma. Pode doer mas pode ser um bálsamo. Pai falou que conversar com você faria bem a nós dois. Preciso ir tenho pois tenho um compromisso e tem um "spy" orelhudo escutando nossa conversa.
Velho - Deixa quieto. É bom que ele aprende alguma coisa. Traz seu pai aqui, você me parece um moço inteligente e seu pai deve ser boa gente.
Figura - Trazer o Pai, logo, é difícil. Mas se ele puder ajudar, ele ajuda. Tchau. Te encontro
Velho - Tchau. Tô sempre por aqui. Não dá para ir muito longe. Ei, de onde seu pai me conhece?
A figura estranha foi embora, sorri para o velho com um jeito de convite para conversar. Ele sorriu. Talvez eu consiga ser um penetra no próximo papo.
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