quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Reflexões para o Ano Novo ( 2014 ) - O Doar e o Receber

Doar, este é o verbo, muitas vezes mal compreendido, muitas vezes mal interpretado.
Antes mesmo da Criação do Universo foi necessário a Doação. O Criador teve que se doar para que este ato fosse possível.
Quando nascemos dependemos totalmente de nossos pais. Para nos alimentar, para nos proteger, para nos ensinar.
No início de nossa caminhada nesta Vida somos totalmente dependentes. Teremos uma curta ou longa caminhada até retornarmos ao Criador. E como será esta caminhada?
Difícil dizer. Mas tente pensar nesta trajetória onde cada passo dado é um ato de troca, doar e receber.
Nossa infância, o ato de receber carinho, compreensão e conhecimento é essencial. É o que podemos chamar de Amor. Se isto não chegar, como será esta infância?
É nesta fase onde formamos toda nossa base física e emocional, para isto a riqueza não é essencial, mas o Amor sim. É neste período que a Visão futura do ato de Doar começa tomar forma no ser humano.
Pense em uma criança que não teve a oportunidade de receber. Que nos anos mais tenros de sua Vida, de alguma maneira, teve que arrancar do seu entorno o básico para sua sobrevivência física e emocional. Não estou falando aqui só de crianças abandonadas fisicamente ao seu destino, mas aquelas também, que dentro de um pseudo-lar nada ou quase nada recebem. Isto acontece dentro de todas classes sociais.
Chega a adolescência, e é aqui que nossa ex-criança inicia de uma forma mais concreta este início de Doar . Um período extremamente difícil e complicado. Para aquelas que receberam todas as atenções possíveis, que até aquele momento só receberam, o ato de doar é no mínimo estranho, conflitante. Mas se tiveram o exemplo passado, de maneira tênue, reconhecem este ensinamento, então este período de passagem, que sempre é turbulento, tem uma grande chance de ser razoavelmente tranquilo.
Imagine agora aquela criança que não recebeu as atenções e cuidados tão necessários na infância, onde a relação doar e receber nunca foi saudável e muitas das vezes ela não reconhece o ato de Doar. A troca não existirá. Ou será uma ato apático de não-receber ou um ato agressivo de receber ou seja de arrancar.
Esta fase de passagem será extremamente complicada podendo variar de uma extrema apatia à um estado de extrema agressividade.
Não falamos aqui da Alma/Corpo, mas sim do que está a sua volta, a família e a comunidade, com seus valores. Não sabemos de suas necessidades, de seus compromissos. Cabe a ela, Alma e Corpo a escolha dentro dos valores apresentados. Ela pode escolher pelo exemplo ou pelo não-exemplo.
Chega a época da construção. É a hora da nossa criança, nosso adolescente se tornar um criador. Se estruturar para receber uma companheira ou um companheiro para caminhar a seu lado. Gerar um outro ser , para que este possa caminhar nesta terra e se completar na sua caminhada.
Perguntamos; como este adulto poderá se tornar um co-Criador deste Universo se não aprendeu a Doar.
Olho para dentro e vejo que muito caminhei neste senda, talvez nem tanto quanto poderia. Aprendi com muitas pessoas que me ajudaram e hoje reconheço esta ajuda. A mais importante, partiu da minha vida a bastante tempo. Hoje sinto muito mais a sua falta de quando da sua partida. Hoje poderíamos sentar e conversar por horas a fio sobre este Universo Físico e cheio de Emoções. Mas isto também faz parte da construção do caminho ( a compreensão não racionaliza a saudade ).
Nunca fui filantropo. Até hoje não sei se seria bom ou não para minha Alma.
Cuido do meus. Ancestrais, descendentes e companheira, os amo demais. Dou a Vida.
Mas para isso aprendi no caminho que é preciso ter Vida. Ela foi construída em cima dos exemplos e não-exemplos. Medo, coragem, ira, bondade, guerra, paz, ignorância, sabedoria. Vida...
Sem Vida, não temos o que Doar.
Olho para fora e vejo tantos trilhando o mesmo caminho, uns de maneira mais rápida, outros mais lentos. Outros de maneira mais reta, outros de maneira mais torta. Uns de uma maneira mais rígida, outros de maneira mais flexível. Fico feliz.
Continuando olhando e vejo situações que me entristece e confesso, gera um pouco de ira ( sentimento ruim ). Pessoas que não aprenderam o Doar. Sintomaticamente estas pessoas não aprenderam a construir. Construir uma Vida que possam Doar.
Estas pessoas tem características marcantes e duas destas características chamam minha atenção...
A relação entre deveres e direitos é enormemente desproporcional. Existe uma correlação quase direta entre dever e doar e entre direito e receber. Existem, e não poucas pessoas, que vivem toda uma vida de direitos. Poucos são os seus deveres. Basta olhar para o lado e ver os nossos políticos que se julgam com tão poucos deveres com o povo e com tantos direitos sobre o erário público. Olhando no outro extremo vemos marginais que se julgam com deveres somente com aqueles que o podem ferir e com todos os direitos para arrancar do cidadão seus bens, inclusive o maior que, é a sua vida. Dentro deste espectro podemos reconhecer pais, irmãos, vizinhos, amigos e inimigos...
Outra característica nas pessoas que não aprenderam a se doar é a que toda situação ruim em que se vê envolvida é culpa de outra pessoa ou de uma condição impessoal. A explicação é bastante simples, ela só está naquela situação porque deixou de receber algo; ou dos pais, ou do companheiro, ou do patrão, ou do governo e vai para aí a fora. Quantas pessoas em nossa volta são assim ?!
E aí, dá para minimizar isto?
Acho que sim. Para existir o equilíbrio, tem que existir, sempre, o Amor e o Temor, que de certa forma estão em baixa para o Desamor e o Destemor.
Mas isto não basta, porque fica uma pergunta: O que leva a nossa sociedade a ter este desbalanceamento entre o Dever e o Direito ou seja entre o Doar e o Receber?
Pensem. Acho que tenho algumas resposta mas é conversa para outra postagem.
Feliz 2014, com menos Direitos e mais Deveres, eticamente, é claro...

2 comentários:

  1. Rilden, como assim como você diz AMOR é sem dúvida DOAÇÃO e doar é ver o próximo feliz sem querer nada em troca, seja esse qual for esse próximo, filho, cônjuge, pai, mãe, amigo, ou qualquer um que passe por nosso caminho.
    Feliz 2014 para todos nós do universo.

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    1. Um Feliz 2014 para nós todos e que continuemos expandir o nosso universo de doação.

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