segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Minha Pequena Luz

Textos muitos antigos dizem que Deus no ato da Criação teve se que contrair a um pequeno infinitesimal para que o nosso Universo quase infinito surgisse em uma explosão de luz. A luz de Deus.
Acreditem. Aconteceu. Por que?

Olho hoje a Minha Pequena Luz
Nasceu de duas partículas infinitesimais.
Não divinas, mas humanas
Veio explodindo
Criando
Uma profusão de energia e sentimentos
Transformando
Em elos de amor e alegria
Expandindo
O compartilhamento entre irmãos

Minha Pequena Luz, você não entrou no Universo
Você criou o seu Universo e nos puxou
Orbitamos hoje em você
Você nos ilumina
É bom. Sem questionamentos.
O Criador foi generoso conosco

Minha Pequena Luz valeu você ter vindo
Pois hoje brilhamos mais em sua presença
Nos tornamos um pouco mais divinos
Com sua presença humana.

sábado, 27 de dezembro de 2014

O par de meias ( Um conto de Natal )

Em um lugar não muito distante existia uma pequena cidade conhecida como Cidade dos Carvalhos. Vivia lá um povo bem miscigenado e muito alegre. Traziam tradições de muitas partes do mundo. Labutavam mas não esqueciam de se divertir e filosofar. Os turistas que visitavam esta terra a curtiam imensamente. Lá muitas vezes as tradições se misturavam com as lendas. Uma das lendas era natalina.
Contavam, os carvalhenses, que em todos os anos, os habitantes escreviam a Papai Noel pedindo os presentes mais absurdos. Faziam até concurso para ver qual o pedido mais extravagantes. Muito engraçado. Mas o que deixava os estrangeiros encucados com esta tradição é que todos os moradores da cidade já sabiam o presente que iam receber. Um par de meias, o que era uma felicidade geral.
Em um tempo, não tão próximo ao Natal, apareceu uma moça, que pensava ser uma pesquisadora, querendo estudar as tradições e lendas dos carvalhenses. Moça da cidade, independente, apresentando uma intelectualidade desconhecida para o povo e muita cética. Foi colhendo material para suas pesquisas até que esbarrou nesta tradição. Por coincidência o Natal se aproximava e o concurso de pedidos já começava a esquentar e o tempo a mudar. Na Cidade dos Carvalhos as mudanças climáticas eram muito abruptas. O concurso estava bombando e a nossa pesquisadora não entendia o motivo desta alegria. Algumas pessoas do qual tinha se aproximado pediam que fizesse também um pedido mas não a conseguiam contagiar. A sua visão citadina não permitia que conseguisse enxergar uma razão para esta tradição.
Houve concurso, houve vencedor e houve comemoração, com muita gozação.
A noite de Natal chegou comemoraram com muita alegria, descontração e com muita fé no dia de amanhã.
A madrugada do dia de Natal prenunciou uma mudança de tempo. Vento forte e frio sopraram.
Na manhã, todos passaram no centro comunitário e lá estavam suas meias e para surpresa da moça de fora havia um par de meias com seu nome. Abriu e examinou a meia. Não tinha marca, o design não era bonito e o material, ao seu ver de baixa qualidade. Jogou, de forma disfarçada, a meia em uma caixa de lixo próxima.
Se a moça tivesse olhado a seu redor veria que todos pegavam seu par de meias e guardavam na mochila com grande carinho e emoção. Aqui terminava a tradição e começava a lenda. Uma pena que não tenha observado.
Neste dia, era tradição dos carvalhenses, se dirigirem a cidades próximas em pequenos grupos, para se confraternizarem. A nossa moça estava em um destes grupos. Iriam a uma cidade que distava uns quinze quilômetros. Esta caminhada era também uma oportunidade de se confraternizarem com a natureza e fazerem um bom encontro filosófico.
No meio do caminho a temperatura caiu ainda mais rapidamente. Uma nevasca  surgiu do nada. Todos tiraram rapidamente suas meias presenteadas e as calçaram. Olharam para moça e perguntaram pela sua meia. Disfarçou e falou que talvez tivesse perdido. Alguém tinha uma meia do Natal passado e ofereceu. Com altivez recusou. Mais uma vez não percebeu o que se passava ao seu redor.
A borrasca foi forte. Uma caminhada que os carvalhenses faziam em três horas já se alongava por cinco horas. O perigo de hipotermia já se apresentavam, mas todos estavam bem exceto a moça de fora. Aí, algumas pessoas do grupo decidiram colocar as meias do Natal passado de um deles nos pés da moça mesmo sem seu consentimento.
Mas para surpresa de todos, não houve melhoria, a hipotermia tomava conta da moça de fora e suas extremidades começavam a congelar. Aquelas meias sempre trouxeram conforto aos carvalhenses. No calor, era um refrigério, no frio um sentimento caloroso.
Apressaram-se, correram e oraram. Chegaram. Uma vida foi salva.
Infelizmente não se perderam somente alguns anéis. Foram-se alguns dedos.
A moça de fora foi embora. Revoltou-se. E continuou a não observar o que estava em sua volta.
Uma pena. Questão de fé.
E a lenda continua.......

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O Beijo ( curta )

Abriu o berreiro. Veio correndo para o meu colo, perguntei o que houve.
- A bola bateu no meu olho.
Examinei e nem vermelho estava, mas o olho miúdo já indicava sono.
Levei para lavar o rosto. Lavei, limpei o nariz que estava escorrendo, examinei de novo o olho e nem vermelho estava. Peguei de novo no colo e trouxe de volta para quadra de esporte. Ao ver a irmã e o  colega falou:
- Já passou.
Desceu do colo e correu para brincar.
Estava na hora de ir. Tinha algumas "costuras" a fazer. Gritei que já estava indo.
Tinha me afastado uns poucos metros quando escutei aquela voz gritando:
- Vovô, vovô, eu quero um beijo.
Veio correndo, ficou na ponta dos pés, fez um bico e ofereceu os lábios. Beijei-os com imensa felicidade e fiquei olhando quando correu de volta para brincar.
Com certeza nossas almas se tocaram.

ET: O beijo estava com gosto de guaraviton.


domingo, 14 de dezembro de 2014

E o velho?

A resposta é automática e começo a falar de meu pai. Mas o tempo tudo muda e eu já poderia estar falando de mim.
Sim, a passagem do tempo deixa obras e marcas. Temos filhos, temos netos.
Meus cabelos escassearam, poderiam dizer que o tempo não tem muita responsabilidade sobre isto, estão grisalhos, as rugas ainda não vieram mas os sulcos na face já chegaram. A necessidade de descanso aumentou depois de um trabalho puxado e os aborrecimentos me afetam com mais intensidade. São novos tempos, diz a minha racionalidade mas o meu lado emocional e psicológico não aceitam este diagnóstico com tanta tranquilidade.
Tantas descobertas a serem feitas, tantas suaves emoções a serem sentidas. Por que recusar isto?
Olho meus pares. Muitas vezes tento entrar no assunto mas uma barreira abstrata parece surgir entre nós. Não se discute desejos, não se discute sonhos. Somente fatos. Quem comprou, quem vendeu. Quem ficou enfermo e quem morreu. A aposentadoria diminuiu e as despesas aumentaram.
Alguns jogam buraco na pracinha, outros batem papo toda manhã na porta do banco, não sei o porque do banco, e outros mais ousados jogam futebol ou quiça um partida de tênis.
Mas a maioria nem isso fazem, Literalmente vestem o pijama e talvez considerem esta a melhor vestimenta para passarem pelo portal.
A pergunta, o que fazer ao entrar neste novo tempo, já me fiz centenas de vezes e cada vez que a faço vou recriando meu caminho. Ao recriar meus caminhos sinto que a velhice chega de maneira mais suave e lenta. Isto é bom.
Mas continuaremos a caminhar para o portal. É inexorável, teremos que atravessá-lo. A minha racionalidade diz isto mas e o meu emocional, meu psicológico, o que diz?
Difícil dizer. A base religiosa de todas as civilizações sempre esteve voltada para a morte, tanto na antiguidade como nos tempos atuais e todas justificam a nossa estada aqui para uma vivência muito melhor em um mundo futuro, sem a carne.
Essa embalagem pouca me convencia quando jovem, agora muito menos.
Talvez aos olhos dos parceiros eu esteja na contra-mão da espiritualidade pois teoricamente quanto mais velho mais espiritualista nos tornamos.
Concordo plenamente com a afirmativa, só tenho dúvidas quanto ao conceito de espiritualista.
Ser espiritualista é cuidar bem do espírito enquanto ele estiver por aqui e por conseguinte do corpo, pois sem ele não estaríamos aqui. Logo o momento é o agora. O futuro seja aqui ou depois daqui não existe, é somente uma possibilidade. Já diz o ditado; o futuro à Deus pertence.
Se preciso cuidar bem do meu espírito e de meu corpo não existe momento melhor do que o agora, independente se tenho 30, 60 ou 90 anos.
Cuidar bem, o que seria ?
Acredito que se sentássemos para tentar descrever isto, cada um de nós faria uma extensa coletânea de princípios e regras e cada coletânea seria bastante distintas uma das outras.
Cuidar bem, para mim, neste momento, é estar puro com o meu Credo, estar em consonância com coisas em que acredito. Acreditar que sempre posso mas conhecendo as minhas limitações, continuar desejando e criando e recriando caminhos para concretizar estes desejos e muitas vezes nestes caminhos jogando-os fora porque perdem o seu valor. É o saber que minha alma está viva.
Caminho para o portal sem pressa. Tentarei chegar lá com meu corpo dizendo que aqui podemos ficar por mais um bom tempo. Caminho para lá com a alma me dizendo, somos jovens e temos novos horizontes a conhecer.

Epílogo:
"Uma alma velha não entra no Céu".

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Me perguntaram o que é Felicidade.

Parei para pensar e articular aquele discurso bem estruturado. Não saiu. Falei algumas abobrinhas que não lembro e desconversei.
Difícil. Tentei racionalizar. O que leva uma pessoa ao estado de felicidade?
Ou felicidade não é um estado e sim uma existência ou seja  é ser feliz.
Ser feliz ou estar feliz parece um questionamento "shakespeariano".
Perguntei-me então o que antecede o ser feliz ou estar feliz. A resposta é o desejo.
Se não para todos, diria para a grandíssima maioria: queremos ser ou estar feliz.
Mas quais os desejos que poderiam levar à felicidade?
Dinheiro, poder, "status", saber, um grande amante e assim em diante, com seus desdobramentos.
Mas lutar para concretizar estes desejo pode ocorrer fora de um plano ético ou seja:
É possível ser feliz no que chamamos de pecado?
Difícil. A interiorização de cada questão é muito individual.
Mas chegando a este ponto, a racionalidade parece que aponta para situações de felicidade.
Algumas procuras, podem em casos muito especiais, levar a um estado de existência como a Paz.
Alguns grandes líderes espirituais da humanidade mostraram isto.
Mas a felicidade não lembro. Os caminhos que traçamos para nos levar a felicidade são tortuosos e quase nunca chegam aos seus destinos.
Podemos contra-argumentar dizendo: sempre quis ter uma belíssima casa com isto, com aquilo e mais um monte de coisas e quando consegui foi um grande momento de felicidade. Será que foi?
Será que a felicidade está intimamente ligada ao sentimento de posse, sejam estas posses concretas ou abstratas. Acho difícil. Lembrei-me do velho ditado: cuidado com seus desejos.
Será que a felicidade está intimamente ligada aquilo que consideramos altamente ético. Acho difícil. A ética é sempre restritiva e castradora. Ousaria a dizer que seria mais fácil encontrar momentos de felicidade no pecado.
Exercício mental difícil tentar explicar esta pergunta, mas neste ponto interiorizei o questionamento e procurei em minha mente os momentos em que tive este sentimento de ser feliz.
Achei alguns, diria muitos pois com eles vieram também os momentos de tristezas, e aí me perguntei quais os motivos ou causas que me levaram a estes sentimentos.
A fronteira é tênue entre estes momentos de grandes felicidades e grandes tristezas e não poderia ser diferente, somos assim, não conseguimos entender o branco sem o preto.
Minha racionalidade respondeu que tinha tantas causas que provavelmente as causas eram nenhuma. Resposta ruim mas não foi errada. Por exclusão ela me mostrou a alma.
Tentei expressar e consegui isto: "ser feliz é estar em sintonia com sua alma".
Felicidade é coisa da alma. O estado mais puro de felicidade chega sem ser percebido e explode dentro de você. É um simples gesto, é uma simples visão, é um simples som, quiça um odor ou paladar que seus sentidos injetam diretamente na alma sem o filtro da racionalidade.
O primeiro beijo de uma paixão, de quinze ou cinquenta, o choro assustado do seu filho no mundo novo, o som de uma bela musica que leva a felicidade de algo que nunca tivemos, o odor do tempero daquela que lhe alimentou uma vida e já se foi, de se perceber bonito sem motivo e dezenas de pequenos momentos que muitas vezes deixamos escapar no tempo.
Valeu a pergunta. Fiquei feliz com a resposta. Chegou de surpresa.
E agora?
Me sintonizar mais com a minha alma.
Como?
Fica a pergunta para todo nós.
Abraço na alma.