domingo, 10 de setembro de 2017

Minimalizando o relacionamento ( curtíssima )

Já venho pensando a algum tempo como minimalizar o conceito dos relacionamentos. Podem perguntar porque e a resposta é simples; a condensação dos conceitos amplia a sua capacidade de entendimento do Universo. Voltando a prosa inicial , conclui que a substantivação seria o melhor caminho. Em homenagem ao sexo feminino, sem afronta ao miríades de gêneros existente no momento, aí vai:
Sua filha deve ser a primeira
Seu companheiro dever ser seu herói
Sua amiga deve ser a soma.
Se assim não for, repense com mais atenção seu relacionamento.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Um elo nasceu, Duda

Toda vida que chega é um novo elo que nos conecta a uma parte do Universo que pouco conhecemos e até as vezes desconhecemos.
Hoje nasce uma nova descendente. Simplesmente linda. Filha de meu filho. E não é só minha. Irá me a conectar a um Universo que pouco conheço. É um elo forjado de DNA que não é só meu. De um consciente coletivo que não é da minha ancestralidade e com ela terei que perceber outras histórias. Valores diferentes, costumes diferentes. É uma nova linha de vida com conexões não previstas.
O amor que sinto por ela com certeza me fará mais humildade, mais perceptivo. Ela terá necessidades que vêm com a alma. Terá necessidades que vêm com o genoma. Terá necessidades que vêm com entorno.
Meu filho e agora minha nova filha terão que perceber isto. Para que ela floresça em harmonia, necessidades terão que ser atendidas e outras negadas, mas vejam bem meus filhos, são as necessidades delas e não suas.
Estas necessidades criarão elos por onde fluirão coisas boas e outras nem tanto para minha Duda.
É a Vida.
Vejam bem meus filhos, vocês são os primeiros elos ligados a ela e nós ligados a vocês. Aí começa a longa cadeia de elos que se ligarão a Duda. Alguns trarão imensa alegria e outros se romperão trazendo tristezas.
É a Vida.
Mas nós, a ancestralidade de Duda, não poderemos nunca ser o elo que se romperá. Somos o elo de sustentação.
Somos o elo do Amor, da Compreensão e do Perdão.
Seja bem vinda meu amor.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Um Credo Universal? - Cabala ( IV)

Acredito que todos devemos ter um Credo, seja qual for. Também acredito que a Fé não estrutura um credo e sim a nossa racionalidade. Com esta podemos descobrir um Credo que seja Universal, entendendo por isto princípios que possam ser entendíveis e não necessariamente aceitos.
Acredito também que temos necessidade de Um Credo individual, com um deus particular, só nosso que compreende todas as nossas algúrias. Ele nos acompanha, nos assiste, nos castiga, nos perdoa. Ele é nosso cúmplice.  Credo de pura Fé.
Racionalidade e Fé, esta é nossa estrutura mental. Dicotômica para entender nossa existência.
Muitos livros nos trazem o conhecimento e a propagação da Fé. Credos a serem seguidos, Credo a serem obedecidos.
Li e reli alguns livros de diversos credos mas sou filho da cultura judaico-cristão que não renego mas questiono. Ao amadurecer dois livros em seus capítulos iniciais me chamaram a atenção vigorosamente. O livro da Gênesis do Antigo Testamento e a Parábola da Criação do livro Zohar, do misticismo judaico.
Não se entende o todo se não se entender o início, daí vem as belas passagens de conhecimento dos capítulos iniciais destes livros.
"Antes nada havia".
Não sabemos o que é este Nada, mas seja lá o que for Deus, O Criador, A Inteligência Primeva ou O Principio Gerador irrompe neste Universo ou o cria. Leiamos o que sutilmente se esconde nas descrições destes atos:
Nosso Universo foi criado por algo que a ele não pertencia, algo de dimensões tão superiores que não temos a menor capacidade de entendimento. Este Ser ou Algo, que não poder ser descrito, se contraiu para que este Universo pudesse existir. Dimensões foram perdidas ou deixadas para trás. Logo após este Ser ou Algo contraído se expande violentamente neste Universo.
A Expansão, os sete dias da criação no livro da Lei, nos mostram um Universo dicotômico e dinâmico.  Nosso Universo tem como principio de sua construção polos, positivos e negativos, de onde fluem de um para outro energia e matéria com diversas denominações. Luz e Trevas, Água e Terra, Energia e Matéria. Fluxo é movimento, é Vida e está sob o julgo do Tempo, dimensão que faz a Vida e a Morte.O que é criado sempre perecerá no Tempo.
Se fomos criados neste Universo pereceremos nele. Qual o sentido? Para que?
Para nos completarmos diria Moses de Leon na sua parábola " A Jornada da Alma".
Atingir a plenitude da nossa maior dicotomia corpo/alma e transcender para um universo de dimensão mais elevada.
O resto é velado.
Então, qual o caminho a trilhar?
O conhecimento foi dado basta olhar com atenção. Leia, pese e veja se é possível trilhar este caminho descritos na Gênesis e na Parábola da Criação:
- sobre a Contração e Expansão
- sobre o Doar e Receber
- sobre o Espirito e a Matéria

A Contração e a Expansão
O grande ensinamento que temos aqui, parece-me, que na criação ou gestação de alguém ou de algo, o ato que antecede a ação da criação é entendimento que está porvir. Contrair significa permitir universo venha até você, ser permeável ao que está em sua volta e procurar a compreensão. Entender as causas e consequências e se preparar para uma ação consciente.
A Expansão é o seu movimento em direção a este universo, é a ação de modificar o que está em sua volta, é o ato da criação seja qual for o tamanho, do ínfimo ao gigantesco com uma visão clara de causalidade. A toda ação se tem uma reação
As solicitações do universo que nos rodeia exige a todo momento um comportamento de contração ou de expansão. Estar em equilíbrio com estes ciclos é essencial. Não estando as consequências podem ser desastrosas para o nosso corpo/alma.

Doar e Receber
Saber doar, saber receber são grandes aprendizados. Na parábola da criação (resgatar Parábola da Criação - Cabala (I) ) estes atos aparecem com maior clareza. Não vivemos sem trocas, este ato nos faz humanos; a todo momento estamos entregando e recebendo alguém ou algo. Geralmente sabemos a quem queremos doar ou de que queremos receber, o grande mistério é o que doar, a dose de doar e a dose de receber e quando fazer.
Para doar precisamos gerar algo que queira ser recebido, para receber precisamos de algo que seja gerado para ser doado. Parece simples e óbvio mas nem tanto. Esta troca é bastante complexo pois envolve desejos e estes são lastreados por valores emocionais que muitas vezes não são percebidos com nitidez. Exemplos são inúmeros e um dos mais clássicos é o pai que acredita que está dando o melhor para o filho e o filho acreditando que está recebendo o pior do pai. Como aprender. Talvez o primeiro e o terceiro ensinamentos nos ajudem nesta caminhada para a plenitude.

Espirito e a Matéria
No ato da Criação Espirito e Matéria são gerados concomitantemente. Não existe Matéria sem Espirito e Espirito sem Matéria neste Universo. A Gênesis e a Parábola da Criação nos mostram de maneira clara. A Ciência também, pois os grandes atos que regem a Vida aqui e lá fora não são inventados e sim descobertos. Leis que regem este universo sejam físicas, químicas, biológicas e éticas existiram deste que este Universo foi criado à 14 bilhões de ano. Existe uma dimensão espiritual de dificílima percepção pela nossa individualidade e aí talvez esteja o nosso grande espaço de crescimento para tentarmos atingir a plenitude.
" Dai a Cesar, o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus". Ao dar a esmola ao mendigo, ao dar o dizimo a igreja, ao dar o carro ao seu filho à de se introjectar o que está atrás destas ações. Estaremos fazendo o bom ou o bem, o mau ou o mal. Parece-me que um está no campo material e outro espiritual. Ao dar esmola ao mendigo você estará fazendo algo bom para ele pois poderá estar saciando sua fome ou sede ou poderá estar fazendo o mau para ele pois sabe que irá se drogar mas evita um incomodo. Neste ato fica implícito que quando é dado algo material as consequências da doação é de quem recebe.
No mesmo ato de se dar a esmola pode existir um ato de entendimento, procurando motivos  que levaram este ser a esta situação de degradação e como trazer de volta a sua auto-estima. Aqui há uma tentativa de entrega do bom e do bem. Aqui existe um ato espiritual. Aqui você compartilha. Aqui você também é responsável.
Na vida existem tantos momentos em que o espirito carente clama por um maná espiritual e doamos um grande hamburguer.

As solicitações do universo exigem a todo momento que você se contraia ou se expande, que você doe ou receba e que você se decida pelo bom/mau ou bem/mal.
Temos um caminho a percorrer para nos completarmos.
Este é meu credo que é particular mas pode ser universal e que estruturei para minha compreensão pois "o todo não pode existir sem o início".






sábado, 22 de abril de 2017

Porque estamos aqui ? -Cabala ( III )

Geralmente as perguntas transcendentais que ouvimos desde cedo são:
De onde viemos?
O que somos?
E para onde iremos?
Diria que quase todas as filosofias religiosas tem suas as respostas para estas perguntas. Porque?
Analisando com atenção estas perguntas me parecem que são perguntas que dão ensejo a estruturação de um sistema de controle. Tentando explicar vamos as perguntas:

De onde viemos?
Na maioria das gênesis das diversas filosofias religiosas, Deus, O Criador, A Inteligência Cósmica e outras centenas de denominações descrevem a entrada de Deus em nosso universo. Ele não só entra como cria o nosso Universo. Tudo faz parte deste Deus/Criador.Nosso horizonte de eventos ( até onde se enxerga ), para entender a criação, é o seu início. O que vem antes?
Não temos a ínfima possibilidade de entender nem de conjecturar no nosso estágio atual de fé e conhecimento. Então por uma relação de causalidade se não temos a minima ideia do que é Deus/Criador como saber de onde viemos já que viemos com ele.
Se olharmos para outras filosofias religiosas que tem por ato de fé que Universo sempre existiu e sempre existirá, a resposta, que me parece lógica, para esta pergunta é: viemos daqui e ficaremos aqui para o todo sempre.

Para onde iremos?
Para esta resposta  analogamente a resposta a pergunta de onde viemos. Se não sabemos de onde viemos, não saberemos para onde iremos. Se nosso Universo é eterno, sempre existiu e sempre existirá, viemos daqui e continuaremos aqui para todo sempre.

O que somos?
Esta é a pergunta que pode levar a um sistema religioso de controle ou um sistema de anarquia.
Se a esta pergunta se responde que somos filho de Deus, isto insere no contexto uma relação de compromisso, uma relação de submissão e de maneira não clara mas bastante impositiva uma relação de intermediação pois alguns serão mais filhos de Deus do que outros. Estes falarão direto com Deus, farão as regras, julgarão e punirão.
Se por outo lado para um Universo incriado, onde estaremos aqui por todo sempre, pode-se ter princípios filosóficos não temporais que podem em alguns casos levar a comportamentos apáticos ou anárquicos.

Mudo então a pergunta: por que estamos aqui?
Com esta pergunta coloco em segundo plano de onde vim, para onde irei. Conjugo o meu eu com a minha realidade. Sou o que sou e estou aqui. Esta é minha realidade. Com esta humildade e pragmatismo acredito então que possa fazer meu ato de fé.

" A finalidade que a alma entra em nosso corpo é demonstrar seus poderes e suas ações neste mundo, pois precisa de um instrumento. Ao descer a este mundo aumenta o fluxo de seu poder para guiar o ser humano pelo mundo. Por isso, aperfeiçoa-se em cima e embaixo, atingindo o estágio superior ao realizar-se em todas as dimensões. Se ela não se realizar em cima e embaixo não estará completa.
Antes de descer a este mundo, a alma mana dos mistérios dos níveis mais altos.Enquanto está neste mundo é completada e realizada por este mundo inferior. Ao partir deste mundo estará cheia de plenitude de todos os mundos, do mundo de cima e do mundo de baixo.
De início, antes de descer a este mundo, a alma é imperfeita; falta-lhe algo. Ao descer a este mundo ela é aperfeiçoada em todas as dimensões". ( A Jornada da Alma - Moses de Leon )

Este é meu ato de fé. Meu Eu e minha Alma  precisam se completar para que possamos transcender.
Fé pura fé. E para que se torne mais forte e não fraqueje, há de se ter um Credo.
Um credo que seja Universal e um credo que seja só meu.

terça-feira, 11 de abril de 2017

O Credo - Cabala ( ll )

À tempos atrás escrevi sobre a parábola da Criação aqui neste blog. Volto a este ponto de partida para para tentar estruturar o meu Credo.
Definir Credo é sempre difícil porque parte dele está no campo do que chamamos Realidade e o outro no campo que chamamos de Esperança. Os dois precisam ser fundidos gerando um Principio que será o nosso farol durante a nossa passagem por esta dimensão.
Gênesis:
E no principio, criou Deus os céus e a terra
E a terra era sem forma e vazia: e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espirito de Deus se movia sobre a face das águas
E disse Deus haja luz. E houve a Luz

Parábola da Criação:
O Criador criou um vaso com natureza diferente da sua
O Criador é doador e o vaso é receptor. Deus inunda o vaso de Luz
O vaso que é feito da essência logo deseja doar também
E nesse fluxo de doação o Vaso se estilhaça
Gerando o nosso Universo

Teoria do Big Bang
E uma partícula infinitesimal se desequilibra e começa uma expansão gerando o Universo que ora conhecemos de energia e matéria.

Existem outra gênesis em diversas cultura e na maioria delas existe principio de criação, poucas acreditam em um principio de imanência do Universo.
Fazendo uma reflexão sobre estas gênesis alguns aspectos questionam nossa mente e espirito.
O que existia antes da Criação?
Um Deus solitário?
Um Criador sem Criação?
Uma bola de gude energética adimensional ou multidimensional?
Nossa visão dialética ou empírica vai até este momento, além dele não temos capacidade mental nem espiritual de entendermos. Não entendemos o Absoluto.
E este é outro ponto que permeia quase todas as gênesis. No momento da Criação o Absoluto se transforma no Dicotômico:
Luz e Trevas
Doador e Receptor
Energia e Matéria
E aqui devemos fazer uma linha de corte. Deus não é cognoscível em sua essência e natureza. Ele é absoluto e só podemos reconhecer parte de sua criação.
Este reconhecimento da Criação pode nos levar a aceitar a Realidade ou a Esperança, a Fé
Em nosso Universo vemos a Ordem e o Caos
A Luz e as Trevas
Energia e Matéria
Carne e Espirito
E chego no ponto onde começo meu Credo. No momento da Criação eu estava lá.
Sou filho da Luz de Deus que permeou as Trevas
Sou filho da Ordem e do Caos
Sou filho da Energia e da Matéria
Sou carne, sou espirito
Parte disto reconheço: Trevas: Caos; Matéria: Carne
Parte disto tenho Fé: Luz de Deus: Ordem; Energia;Espirito
Isto é o meu amalgama; Vida e Morte; Bem e Mal; Bom e Ruim: Amor e Ódio
Somos sua doação, sua criação, sua expansão. Não importa, somos dicotômicos e ao aceitarmos isto acredito que estaremos mais em Paz em nossa caminhada nesta dimensão e estaremos mais sensível para percebermos porque estamos aqui, porque fomos doados, criados ou expandidos.
Para esta pergunta, porque fomos criado, temos uma parábola rabínica de um grande cabalista.
Nos vemos em breve.

sábado, 11 de março de 2017

Um Doce Sorriso

Às vezes me pegam sorrindo e perguntam:
Do que você está rindo?
Respondo; estou só-rindo.
Não sei porque mas estabeleci uma diferença entre rir e sorrir.
Rir é expansão. É para fora
Sorrir é contração. É para dentro
Um explode, outro implode
A contração tem sido mais constante nestes meus tempos. É movimento menos energético e mais contemplativo. Coisas da idade, talvez.
Neste movimento, de uma forma quase natural, permito que este universo externo se aproxime mais se tornando, muitas vezes, uma segunda pele. Essa aproximação com o meu Eu traz imagens que misturam passado com presente. Esperançosos e angustiantes desejos e sonhos para o futuro, em flashes..
Quando estes dois universos, o de fora e o de dentro, se fronteirizam surge uma compreensão mais intima do que sou, pois permite que eu me olhe com meus olhos e os olhos de outrem, também.
Nestes momentos você é sempre surpreendido pois as duas imagens nem sempre são espelhadas. Surpresas agradáveis e desagradáveis. Sorrio.
A contrapartida desta visão também existe. Ao se permite a aproximação do externo com interno, a visão externa, me parece ficar mais nítida e a demonstração dos eventos externos muitas vezes não adere com a intenção.
Me parece que existe uma contradição humana quase eterna entre o que se demonstra e o que se quer,
Culturalmente, talvez correto. Vale a luta pela sobrevivência. Mas emocionalmente, pequenas tragédias. Sorrio.
A compreensão da visão e da cegueira nestes momentos traz a indulgência e ás vezes o perdão, para mim e para outrem e daí;
Surge um doce sorriso.


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A última lição

Ele se foi. Acredito que já estivesse na hora. Foi um processo longo de aprendizado para ele e para mim. O tempo se encarrega de abrir e estreitar as faixas. São os ciclos de expansão e contração da vida.
Vivenciar o ciclo de contração com certeza não é fácil.
Seu ciclo biológico, físico, social e econômico vai se encerrando. Um legado foi criado, seja grande ou pequeno. Esta foi a sua bagagem que independente do tamanho pode ser leve ou pesada.
Ao olhar para frente o futuro parece velado, não se tem muitas certezas neste novo horizonte e surge a grande pergunta ; " o que fazer neste futuro ?"
Tocar a vida, diriam alguns. Sim, mas como?
Durante anos o vi tocar a vida. Estava do seu lado e sinceramente muitas coisas não entendia o porque?
Ações e reações muitas vezes sem causalidade. Não que o seu passado fosse algo pesado, para mim, mas era algo que ele não conseguia se desligar. O seu futuro parecia parecia estar em sentido inverso. Do presente para o passado. Ele vivia o presente em função do passado. Seria triste este fato?
Não sei mas observei ao meu redor que este era um fato mais comum do que pensava. Vi muitos ancorados no passado tentando viver o momento presente.
Se certo ou errado foi uma lição aprendida: olhar para o futuro no final do nosso ciclo não é algo fácil e a escolha de se ancorar no passado é uma opção bem comum.
A segunda grande lição são as tentativas de acordo entre a matéria e o espirito. Tantas vezes me parecia que o espirito queria partir mas um revertério ocorria e o corpo sobrepujava esta vontade. Perguntei a ele de maneira subliminar o porque desta supremacia do corpo sobre o espirito já que estava vivendo uma vida com imagens do passado. Como esperado não obtive uma resposta mas voltei olhar em torno e procurar no passado e vi que este era um fato comum. Parece-me que poucos, muito poucos, conseguem fazer que seu espirito, no desejo da partida, sobrepuje a necessidade do corpo em se manter vivo . Só posso imaginar que estes poucos são aqueles que no final do ciclo tiraram o véu do futuro e conseguiram enxergar bem mais além.
Fica a última lição quando o corpo finalmente se rende ao espirito. É um momento de doce entrega, sem rancor. O desligamento dele foi suave. Madrinha e esposa pareciam sempre estar seu lado. Me sussurrou no pé de ouvido que queria partir e mais baixinho ainda falou que aqui não era sua casa. Me perguntou um pouco depois o que ele devia fazer. Só pude dizer, pai faça o que você quer fazer. Foi a nossa última conversa com  sentido. Foi sua despedida e última lição para seu filho tão racional.
Foi sem rancor.