Em bate papos com amigos, colegas e encontros informais, o assunto muitas vezes passa pela família. Falamos sobre filhos, gastos, confusões e esposa. O assunto esposa é sempre delicado, pelo menos esta é a minha percepção. Talvez seja pela faixa etária das pessoas com que converso. Evito muitas vezes de emitir comentários sobre o casamento mas não me eximo de dizer que sou uma pessoa muito bem casada. Quando digo que minha esposa e companheira é bem mais jovem que eu, recebo um sorriso. Quando falo que tem a metade da minha idade, recebo um sorriso "monalisesco". Tento interpretar. As vezes me parece de descrença, às vezes de pena, às vezes de "velho sacaninha", às vezes, acho que de reprovação. Dificilmente de parabenização por eu estar tão apaixonado e de bem com a vida.
Depois de tentar interpretar, tento entender. Faço cara de bobo e dou corda. Incentivo a que falem sobre o casamento.
Pessoas mais velhas tendem a criticar o comportamento volúvel dos jovens. Repetem quase sempre que a seriedade do relacionamento já não mais existe. A família está acabando e citam na maioria das vezes o seu exemplo de casamento. Tendem a ser céticos e preconceituosos com possíveis relacionamentos não convencionais.
Os mais jovens não acreditam em relacionamento muito duradouros. A busca da felicidade virou um item de consumo como a busca do mais novo iphone e repetem o velho jargão; a fila tem que andar. Muitas vezes não existe um ceticismo mas também não existe uma esperança.
Se pegarmos cada ponto falado e questionarmos o porque da opinião, vamos descobrir que há uma certa hipocrisia tanto dos mais velhos quanto dos mais jovens. Exemplificando; quando os mais velhos falam que os jovens são mais volúveis não se reportam à sua juventude, com seus preconceitos, com sua falta de liberdade, com imposições familiares. Relacionamento era algo complicado. Embarcou em uma canoa furada, não se tinha como sair. Ou você tentava tapar o buraco e levar uma vida medíocre ou afundava. Sair do lodaçal do fundo deste rio da vida era muito triste, principalmente para a mulher.
Com tantas restrições a um relacionamento mais íntimo e com tão poucas experiências, pergunto; quantos casamentos da velha-guarda realmente deram certos e quantos são meras teatralização.
Pegando uma posição dos mais jovens quando dizem que a fila tem que andar, pergunto-me por que?
Existe uma necessidade real de se trocar de companheiro (a) a todo momento. O que leva a estes desencontros? Será que é a existência de uma extrema liberdade de se relacionar?
Acho que não. Existe aí também uma dose de hipocrisia. Procurar a felicidade, a paz e o amor passa com certeza por uma estabilidade no relacionamento. O tempo promove os grandes encontros e quem não quer amar e ser amado?
Críticas velhas e críticas novas, exemplos novos e exemplos velhos. São muitos e o que é certo?
O que é certo, não sei, mas o que é errado, com muitas décadas de vida aprendi a reconhecer.
É errado não acreditar que existe uma pessoa que você amará profundamente.
É errado não acreditar que você possa encontrá-la.
É errado não acreditar que você possa cativá-la
É errado não acreditar que ela possa amá-lo
É errado não acreditar que nós possamos ser felizes, apesar das diferenças e semelhanças.
Acreditei e não errei. Encontrei. Se é eterno não sei. Sei que amo e estou em Paz.
Valeu a crença, perdeu a descrença.
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